Uso de plantas medicinais nos tratamentos de saúde: fitoterapia
Ana Clara Rodrigues Diniz, Danielle Ferreira de Souza, Emanuelle Vaz Gontijo, Filipe Henrique de Oliveira,
Isabela Duarte Arruda, João Victor Gonçalves de Araújo e Paula Augusta Silva Santos
Graduandos do curso de Medicina (UFSJ-CCO)
v.2, n.3, 2024
Março de 2024
O processo de utilização de plantas para a produção de fármacos para o tratamento de doenças é realizado por meio da fitoterapia (Figura 1). Esse processo consiste no uso de diferentes partes das plantas, tais como, raiz, casca, flores ou folhas para a composição de medicamentos que podem ser manipulados ou industrializados, consumidos secos ou in natura [1].
O processo de reconhecimento e incentivo à utilização de plantas na área da saúde foi realizado pela OMS em 1978 na Conferência de Alma-Ata, em que houve a recomendação para a integração pelos estados-membros da medicina tradicional e da medicina complementar alternativa aos sistemas de saúde. No Brasil, em 1991, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reconheceu a atividade da fitoterapia, desde que desenvolvida sob a supervisão de profissional médico, e em 1992 a formalizou como método terapêutico. Em 1991 a Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde instituiu e normatizou o registro de produtos fitoterápicos [2].
Figura 1: Processo de produção de fármacos fitoterápicos.
Todavia, apesar do atraso no reconhecimento, o uso de plantas medicinais nos tratamentos de saúde remonta a milhares de anos, sendo uma prática comum em diversas culturas ao redor do mundo. Muitas plantas contem compostos naturais com propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e relaxantes musculares, por exemplo, que podem ser utilizados pela indústria farmacêutica para o desenvolvimento de formulações para diferentes problemas de saúde.
Dentre as substâncias obtidas de plantas com potencial para serem utilizadas como fármaco, temos a capsaicina advinda de pimentas picantes; esta pode ser utilizada em pomadas para aliviar a dor. Também podem ser obtidas substâncias ativas do gengibre e do salgueiro, que possuem respectivamente gingerol e salicina que são compostos com propriedades anti-inflamatórias e analgésicas. Além disso, existem plantas como a erva-de-São-João, a camomila, a valeriana e a lavanda que possuem potencial sedativo e que podem ser utilizadas em tratamentos de doenças como a depressão e a ansiedade [3].
Ademais, no âmbito da prevenção de doença, também existem plantas que podem fornecer compostos úteis para o desenvolvimento de formulações com essa finalidade. Exemplos disso são as integrantes dos chás verdes, a cúrcuma, o gengibre, o alho e até mesmo o mirtilo; estes são ricos em substâncias com propriedades antioxidantes e estas podem ser utilizadas para auxiliar na prevenção de doenças cardíacas, câncer e outros problemas de saúdes. Além deles, a sálvia também possui grande relevância ao passo que também pode auxiliar na prevenção de danos celulares causados por radicais livres (moléculas danosas que podem ser produzidas pelo próprio organismo, mas que quando reduzidas à água, por exemplo, tornam-se substâncias não prejudiciais) [3].
Dessa forma, é importante destacar que o uso de plantas na área da saúde é de grande importância tanto para o tratamento quanto para prevenção de doenças [4]. Entretanto, utilização de espécies vegetais não é livre de riscos à saúde, assim como o uso de medicamentos obtidos através de síntese orgânica na indústria farmacêutica. É necessário que se obedeça aos horários e doses e que a prescrição seja realizada por profissionais da área da saúde que de fato possuam conhecimentos sobre a fitoterapia. A condição de saúde do paciente e os demais medicamentos que ele ingira devem ser considerados para que não hajam interações e efeitos adversos prejudiciais ao organismo.
Referências Bibliográficas
[1] ACADEMIA DE TERAPIAS. Fitoterapia e Homeopatia: conheça as diferenças entre estas duas terapias naturais. Disponível através do link: https://academiadeterapias.com.br/blog/fitoterapia-e-homeopatia-conheca-diferenca-entre-essas-duas-terapias-naturais. Acesso em: 05 mar. 2024.
[2] PHITOSS. A História da Fitoterapia no Brasil. Disponível através do link: https://phitoss.com.br/a-historia-da-fitoterapia-no-brasil/. Acesso em: 05 mar. 2024.
[3] ESPÍRITO SANTO. Plantas Medicinais. Disponível através do link: https://saude.es.gov.br/plantas-medicinais-sao-alternativa-no-tratame. Acesso em: 05 mar. 2024.
[4] FIOCRUZ. Fitoterapia. Disponível através do link: https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/article/download/790/348#:~:text=No%20Brasil%2C%20a%20fitoterapia%20foi,de%20Plantas%20Medicinais%20e%20Fitoter%C3%A1picos. Acesso em: 05 mar. 2024.