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Resistência bacteriana:
o que é e inovações no combate às superbactérias

Ana Letícia B. Breancini¹, Camille P. Mansur², Iara Cecília Silveira Castro¹, Leticia Cerqueira¹

¹Graduandas do curso de Farmácia (UFSJ-CCO)

²Graduanda do curso de Bioquímica (UFSJ-CCO)

v.1, n.4, 2023
Dezembro de 2023

Bactérias são microorganismos unicelulares (formados por uma só célula) e estão entre as formas de vida mais primitivas. Existem diferentes tipos de bactérias e cada uma possui características específicas de ambiente ideal para viverem, se possuem o potencial de causar doença nos seres humanos e como causam infecções [1].


Algumas bactérias vivem sobre e dentro do corpo humano ou dos demais animais e são essenciais para o equilíbrio destes organismos sem causar nenhum dano. Podem ser encontradas na pele, vias respiratórias, boca, tratos digestivo, reprodutivo e urinário e são chamadas de flora habitual ou microbiota [1].


Porém, outros tipos de bactérias podem ser maléficas para o nosso organismo, podendo causar doenças ao produzirem substâncias nocivas, como toxinas. Essas doenças são popularmente conhecidas como infecções bacterianas, como por exemplo, pneumonia bacteriana, tétano e tuberculose [2].


O tratamento de infecção bacteriana é realizado com antibióticos específicos para o tipo de bactéria patogênica e para descobrir-se o adequado pode ser realizado um ensaio chamado de antibiograma (Figura 1) [2]. Entretanto, o uso indiscriminado desses medicamentos seleciona no organismo dos infectados bactérias patogênicas naturalmente resistentes a eles. As bactérias com resistência a diferentes tipos de classes de antibióticos são conhecidas como superbactérias, ocasionando ameaça à nossa sobrevivência. Como resultado deste processo de seleção pelo uso inadequado de antibióticos, alguns destes medicamentos antimicrobianos se tornaram ineficazes para o tratamento de infecções para as quais apresentava bons resultados e era específico [3].


A resistência a antimicrobianos (AMR) é um grave problema de saúde pública mundial e a OMS aponta que até 2050 será a principal causa de mortes no mundo, pois com o tempo infecções bacterianas simples se tornarão cada vez mais difíceis de serem tratadas como consequência da seleção de superbactérias [4,5].


As bactérias possuem diversos mecanismos de resistência a estes medicamentos, como alteração na permeabilidade da membrana (dificultando que o antibiótico atinja o interior de sua célula), alteração no local de atuação do antibiótico (deixando de apresentar o alvo no qual o medicamento deveria agir), bombeamento ativo do medicamento para fora da bactéria ou produção de enzimas que destroem antimicrobianos para que eles não consigam agir eliminando-as. Existem ainda outras estratégias que estão ligadas a mudanças genéticas na bactéria [6].

Atualmente, esses medicamentos antimicrobianos são vendidos no Brasil apenas com a retenção de receita médica e, em casos de uso prolongado, o paciente deve retornar mensalmente com uma nova receita para comprar a dose prescrita [5,6].


Para combater as superbactérias, novas pesquisas estão sendo realizadas na área. Um exemplo, é o composto desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que consiste na utilização de uma nanopartícula de açúcar que pode veicular como uma cápsula nanopartículas de prata e antibióticos convencionais, visando eliminar os organismos resistentes [7]. Esta invenção, que teve sua patente depositada em 2020, utiliza nanopartículas de prata que são produzidas sem o uso de reagentes químicos tóxicos, comumente utilizados em síntese dessa natureza [8]. Tal fato é importante vantagem para evitar-se toxicidade no organismo humano, por exemplo.

 

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Figura 1: Placa de antibiograma para determinar qual antibiótico seria o mais adequado para eliminar as bactérias causadoras de doença no paciente, e a quais antibióticos elas são resistentes.

Fonte: https://miproma.es/la-utilidad-de-los-antibiogramas/

O nanocomposto desenvolvido pelos pesquisadores tem como objetivo eliminar as bactérias após driblar os mecanismos de defesa destas, evitando que elas resistam ao tratamento. A nanopartícula é uma estrutura muito pequena que mede bilionésimo de metro. Essas estruturas de prata presentes na formulação provocam um defeito no revestimento externo das bactérias, que as torna susceptível a agentes, os antibióticos que podem causar sua eliminação. Além disso, o nanomedicamento desenvolvido também inviabiliza a multiplicação bacteriana uma vez que impede a produção de energia necessária para este processo [7].

Além de novas pesquisas para combater essas bactérias resistentes, você também pode fazer a sua parte:

Não se automedique;

Apenas faça uso dos medicamentos receitados pelo seu médico;

Respeite a dosagem, horários e o tempo de tratamento indicado;

Em casos de reinfecção, não utilize o mesmo medicamento sem antes consultar um médico.

Referências Bibliográficas

[1] Bush L. Considerações gerais sobre bactérias. Disponível através do link: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B5es-bacterianas-considera%C3%A7%C3%B5es-gerais/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-bact%C3%A9rias. Acesso em: 02 dez. 2023.

[2] Atlas da Saúde. Infecções bacterianas. Disponível através do link: https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/infeccoes-bacterianas. Acesso em: 02 dez. 2023.

[3] OPAS. Resistência antimicrobiana: O que é resistência antimicrobiana?. Disponível através do link:  https://www.paho.org/pt/topicos/resistencia-antimicrobiana. Acesso em: 02 dez. 2023.

[4] O’Neill J. Tackling drug-resistant infections globally: final report and recommendations: The review on antimicrobial resistance. Disponível através do link: https://amr-review.org/sites/default/files/160518_Final%20paper_with%20cover.pdf. Acesso em: 02 dez. 2023.

[5] Medicina S/A. Resistência bacteriana poderá ser a principal causa de mortes em 2050. Disponível através do link: https://medicinasa.com.br/resistencia-bacteriana/. Acesso em: 02 dez. 2023. 

[6] Biologia Net. Resistência bacteriana. Disponível através do link: https://www.biologianet.com/curiosidades-biologia/resistencia-bacteriana.htm. Acesso em: 02 dez. 2023.

[7] Maciel C. Composto desenvolvido na Unicamp combate superbactéria. Disponível através do link: https://www.inova.unicamp.br/2021/07/agencia-brasil-composto-desenvolvido-na-unicamp-combate-superbacteria/. Acesso em: 02 dez. 2023

[8] Oliveira T. Composto desenvolvido na Unicamp combate as superbactérias: Solução pode ser aplicada em pomadas e filmes e tem como foco infecções com superbactérias multirresistentes. Disponível através do link: https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/ju/noticias/2021/07/06/composto-desenvolvido-na-unicamp-combate-superbacterias. Acesso em: 02 dez. 2023.

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