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Entrevista:
Ildeu Moreira

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ILDEU DE CASTRO MOREIRA

Professor do IF-UFRJ e de programas de PG em História da Ciência, Ensino de Física e Divulgação Científica. É vice-coordenador do INCT – Comunicação Pública da C&T. Foi diretor do Departamento de Popularização da C&T do MCTI, editor científico da Ciência Hoje e dos conselhos da SBF, SBPC e SBHC, da CAPES e de CA do CNPq. Recebeu o Prêmio José Reis de Divulgação Científica do CNPq e a Medalha Henrique Morize da ABC. Foi presidente da SBPC (2017-2021). É Presidente de Honra da SBPC.

Por Fernanda Maria Policarpo Tonelli¹

¹Editora chefe do "À Luz da Ciência" e orientadora da LAstro (UFSJ)

v.1, n.2, 2023
Outubro de 2023

Conhecido nacional e internacionalmente, o professor Ildeu Moreira destaca-se não apenas no campo da Física, mas também como entusiasta e agente da divulgação científica.

Natural de Capela Nova, em Minas Gerais, percebeu já no ensino fundamental (escola primária) que possuía interesse por ciência. Desde muito jovem, o hábito de leitura sobre esta em livros e revistas tem o acompanhado.

 

Quando chegou o momento de escolher ingressar no ensino superior, ficou indeciso entre arqueologia, antropologia e física, e acabou optando pela última. Tal escolha pode ter sido motivada por um curso de rádio realizado por correspondência. O professor Ildeu realizou a montagem de rádio receptor e transmissor, enquanto ainda cursava a escola primária, e ficou fascinado com o processo e o resultado.

 

Já no ensino secundário começou a dar aulas para parentes, amigos e colegas, obtendo sucesso e gostando da experiência de atuar como professor.

 

Dedicou-se então a tornar-se docente na área de física, e já como professor universitário começou a interessar-se e a dedicar-se à divulgação científica. Essa divulgação vai ao encontro de seu posicionamento político de acreditar que “a ciência produzida deve ser compartilhada e usada para melhorar a vida de todos”.

 

Trabalhar com ciência no Brasil não é tarefa isenta de dificuldades. A burocracia é apontada pelo Professor Moreira como um exemplo destas. São também mencionados como obstáculos à ciência nacional a “ausência de um projeto coletivo de nação mais desenvolvida e menos desigual” e o fato de as elites (econômicas, políticas e até acadêmicas) possuírem “visão muito estreita, segregacionista e egoísta” no que tange à questão.

 

No entanto, acreditar que a ciência “é importante para as pessoas em geral e para o país” motiva o Professor Ildeu a seguir dedicando-se às suas atividades profissionais no Brasil, assim como o fato de gostar muito de atuar como pesquisador e professor.

 

Como mensagem aos que desejam seguir a carreira científica, o Professor Moreira recomenda que nunca percam a curiosidade, motor da ciência. Também enfatiza que se é o que a pessoa gosta de fazer, se realmente interessa-se, esta não deve desistir; deve enfrentar os obstáculos (que também existem nas demais carreiras). A pessoa deve atuar sempre com determinação e vontade de executar bem as tarefas que se propuser a realizar.

 

Para quem interessa-se por divulgação científica, o Professor lembra que “a ciência é uma atividade humana e coletiva, que deve ser compartilhada no seu fazer e nos seus usos, que devem ser para melhorar a vida da grande maioria das pessoas e não favorecer poucos”. Assim como na carreira científica é preciso gostar do que se faz e dedicar-se a fazer um bom trabalho. É necessário que a pessoa acredite em seu potencial, mas mantenha-se disposta a aprender com os demais. A autocrítica é essencial, assim como a desconfiança “dos experts, das autoridades, das opiniões genéricas e das verdades absolutas”.

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