Entrevista:
Luiz Antonio Lima
LUIZ ANTONIO LIMA
Luiz Antonio Lima é professor titular da Universidade Federal de Lavras (UFLA) na área de Recursos Hídricos, Irrigação e Drenagem. Graduou-se em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras em 1981. Cursou o ensino fundamental e segundo grau em escolas públicas de Lavras. Foi pesquisador bolsista do CNPq e da Embrapa por dois anos após obter a graduação. Cursou posteriormente mestrado em Water Science pela Universidade da Califórnia – Davis e Ph.D. em Engenharia de Irrigação na mesma universidade, em 1989.
Trabalhou por dois anos na região Nordeste, em projetos de irrigação e depois ingressou na UFLA onde lecionou de 1992 a 1998. Transferiu-se, posteriormente, para o setor privado, para montar a subsidiária da Rain Bird International no Brasil e trabalhou em vários países do Mercosul. Em 2004 retornou para o cargo de professor da UFLA onde permanece até os dias atuais.
Bernardo Esteves, Indiana Dayane, Ingrid Sabino, Mileny Borges, Vitória de Oliveira, Yasmim Araújo
Graduandos do curso de Bioquímica (UFSJ-CCO)
v.2, n.5, 2024
Maio de 2024
1. Quando percebeu que possuía interesse por ciência?
O interesse por ciência ocorreu na sétima ou oitava série.
2. Teve dúvidas ao realizar a escolha do curso de graduação?
Sim. Em princípio queria fazer engenharia civil mas não existia o curso em Lavras. Havia somente em Juiz de Fora ou Belo Horizonte. Como não tinha recursos financeiros para estudar fora, decidi procurar o curso na UFLA que mais se parecia com engenharia civil. Por isso cursei engenharia agrícola.
3.O que considera ter sido decisivo em sua escolha por seguir a carreira científica?
Boas notas. Não tive nenhuma reprovação durante a graduação e, além disso, participei de pesquisas na Embrapa, logo após concluir a graduação. Foi muito importante. Lá eu conheci vários pesquisadores americanos, de renomadas universidades. Outro fato importante foi ter cursado inglês durante todo o curso de graduação.
4. Qual a principal motivação para seguir trabalhando com ciência no Brasil?
Conviver com pessoas mais inteligentes, mais preparadas e descobrir coisas novas.
5. Qual a principal dificuldade que enfrenta trabalhando com ciência no Brasil?
Recursos Financeiros. Muitas vezes não há apoio para condução de projetos de pesquisa e, quando este apoio é possível, o volume de recursos é baixo.
6.O que gostaria de dizer para quem deseja seguir a carreira científica?
Esta carreira exige muita dedicação (estudo) e disciplina.
7. Gostaria de discorrer um pouco sobre como a sua pesquisa contribuiu ou contribui com os avanços e/ou benefícios à sociedade?
Várias contribuições podem ser listadas:
1) Inventamos um equipamento que mede a velocidade das gotas de chuva e, com isso, a energia cinética da chuva – essa informação é importante para entender os processos de erosão do solo.
2) Publicamos um artigo sobre como a umidade do ar pode influenciar a ocorrência de doenças nas plantas de café irrigadas.
3) Também publicamos um artigo acerca de quanto de água deve ser aplicada no café para obter boa produtividade.
4) Avaliamos os melhores produtos para serem colocados dentro de tubos de aço para evitar corrosão pela água.
5) Publicamos trabalhos sobre como ocorre a contaminação de água subterrânea.
6) Desenvolvemos um carneiro hidráulico (bomba de água) que não consome energia elétrica ou gasolina ou diesel, feito todo em material de PVC (matéria publicada na revista Globo Rural).
7) Muitos trabalhos foram apresentados em outros países como Estados Unidos, Inglaterra, Bélgica, Chile, Itália. Foram publicados mais de 100 artigos científicos e talvez minha maior glória seja: ter orientado dezenas de alunos de graduação, mestrado, doutorado e pós doutorado.