
Doença de Parkinson: uma dor progressiva e silenciosa
Bárbara Laís Nascimento Silva¹, Bruna Peres Carvallho¹, Anne Aparecida Coelho Costa¹, Driely Rodrigues¹, Gabriel Teodoro Sirimarco², Lívia Corrêa Ferreira¹ e Letícia Gabriela Rocha Cunha³
¹ Graduandas do curso de Bioquímica (UFSJ-CCO)
² Graduando do curso de Medicina (UFSJ-CCO)
³ Graduanda do curso de Farmácia (UFSJ-CCO)
v.3, n.10 2025
Outubro de 2025
A Doença de Parkinson (DP) é uma condição neurológica que desenvolve-se ao longo do tempo e tende a piorar gradualmente. Nesse sentido, ela tende a afetar o sistema nervoso central, que é responsável, por exemplo, por coordenar os movimentos do corpo. A doença envolve a morte de células cerebrais que produzem um neurotransmissor (substância que transmite informações importantes) chamado dopamina. Para contextualizar, numericamente, no Brasil, o Ministério da Saúde estima que existam mais de 200 mil casos de Parkinson, sendo o paciente mais comumente alguém com mais de 65 anos [1].
A doença foi descrita pela primeira vez em 1817 pelo médico James Parkinson, que a chamou de "paralisia agitante". Diante de suas pesquisas, ele observou nos pacientes sintomas como tremores involuntários, fraqueza muscular, postura inclinada para frente e dificuldade para caminhar. Dessa forma, ele acreditava que os sentidos e a inteligência eram mantidos mesmo com os pacientes estando acometidos pela doença, porém hoje sabe-se que, mesmo nos casos que ele estudou, havia sinais de mudanças nas funções cognitivas (habilidade do cérebro de compreender o mundo) [2].
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) mais de 1,5 milhão de profissionais, amigos e familiares convivem com a dura rotina dos pacientes acometidos pela doença [1].
No cérebro, existem células (os neurônios) que produzem dopamina (uma substância química essencial para o controle dos movimentos). São estas células que morrer no paciente, especialmente em uma área do cérebro chamada substância negra (região responsável por participar do controle dos movimentos). Dessa maneira o corpo passa a ter dificuldades para se movimentar normalmente. Isso leva a sintomas como tremores, rigidez muscular, lentidão e outros que afetam a qualidade de vida do paciente, piorando-a [3]. A Figura 1 mostra as alterações na substância negra em indivíduos com DP. A substância negra é normalmente escura; na imagem é possível perceber-se que esta diminui com a doença, assim como também ocorrem reduções nas ramificações neuronais, quando comparado à condição normal.

Figura 1: Comparação da substância negra em um cérebro normal e em um cérebro com Doença de Parkinson.
Fonte: Criasaude.
Nesse contexto, a DP pode ter várias causas, incluindo fatores genéticos, ou seja, características herdadas dos pais, e fatores ambientais, como o local onde a pessoa vive e as substâncias às quais ela está exposta. Pesquisas já encontraram mutações (alterações) em certos genes (partes do DNA que controlam o funcionamento do corpo) chamados SNCA, LRRK2 e PARK2. Além disso, a exposição a substâncias químicas, como pesticidas (produtos usados na agricultura para matar pragas) e metais pesados (materiais tóxicos como chumbo e mercúrio), também podem aumentar o risco de desenvolver o quadro. No entanto, na maioria dos casos, não é possível identificar uma causa clara, por isso a doença é considerada idiopática, ou seja, de origem desconhecida [3].
O tratamento exige um prévio diagnóstico correto, pois outras condições podem ser confundidas com a doença. Um exemplo é a síndrome parkinsoniana, que é quando se
tem pelo menos dois dos seguintes sinais: tremor em repouso, rigidez muscular, bradicinesia (lentidão nos movimentos) ou dificuldade para manter o equilíbrio: sinais característicos de quando há uma grande perda de dopamina. Para que os sintomas fiquem visíveis, geralmente é necessário que cerca de 80% da dopamina na área de substância negra tenha desaparecido. Diante disso, o parkinsonismo se refere aos sintomas, mas não diz com exatidão qual é a doença por trás deles. A causa pode não ser a DP, por exemplo. Assim sendo, a única maneira de diagnosticar com certeza é por meio de um exame do cérebro após a morte, onde se observa a perda de neurônios pigmentados na substância negra e a presença de corpos de Lewy, que são acúmulos anormais de proteínas dentro dos neurônios [4].
Quando o paciente já apresenta dificuldades para realizar atividades da rotina como trabalhar, cozinhar ou se locomover, o tratamento mais indicado é o uso da levodopa, um medicamento que, no cérebro, é convertido em dopamina. Nessa perspectiva, para que funcione melhor e tenha menos efeitos colaterais, a levodopa é administrada junto com uma substância chamada inibidor da dopa-descarboxilase, que irá impedir que a levodopa se transforme em dopamina antes de chegar ao cérebro, evitando efeitos desagradáveis como náuseas, vômitos e queda de pressão ao se levantar. Além disso, quando se tem tremores muito fortes, os anticolinérgicos (medicamentos que atuam no sistema químico do cérebro e que ajudam a controlar tremores) podem ser úteis; porém, precisam ser usados com cuidado em pessoas idosas, pois podem causar efeitos colaterais [4].
Nesse contexto, é válido ressaltar que existe muita discussão entre os médicos sobre o momento certo de começar a usar levodopa. Muitos especialistas preferem adiar esse tratamento até que os sintomas estejam atrapalhando amplamente a vida do paciente, visando impedir que efeitos indesejados do medicamento possam piorar o quadro. Logo, para pessoas com sintomas leves, especialmente quando o principal incômodo é o tremor em repouso, os anticolinérgicos podem ser a melhor opção inicial [4]. Apesar dos tratamentos atuais permitirem uma melhora da qualidade de vida dos pacientes, ainda não são suficientes para todas as necessidades; não oferecem a cura. Portanto, há muitas pesquisas atualmente em andamento buscando novas terapias que sejam mais eficazes e completas no combate à esta doença [5].
Referências Bibliográficas
[1] Fonoff E. Doença de Parkinson – sintomas, diagnóstico e tratamento. Disponível através do link: https://www.erichfonoff.com.br/doenca-de-parkinson. Acesso em: 07 out. 2025.
[2] Galhardo MMdAMC et al. Caracterização dos distúrbios cognitivos na Doença de Parkinson. Disponível através do link: https://www.scielo.br/j/rcefac/a/d5hd4ydqtYXyZGnnMgcPRgk/. Acesso em: 07 out. 2025.
[3] Rocha PLS et al. Doença de Parkinson: Etiologia, Diagnóstico e Intervenções Terapêuticas. Revista Rease v. 4, n. 1, p. 1-15, 2024.
[4] Cabreira V, Massano J. Doença de Parkinson: Revisão Clínica e Atualização. Disponível através do link: https://doi.org/10.20344/amp.11978. Acesso em: 07 out. 2025.
[5] Cardoso F. Tratamento da Doença de Parkinson. Disponível através do link: https://doi.org/10.1590/S0004-282X1995000100001 . Acesso em: 07 out. 2025.