
Vacinas atenuadas
Renata Monteiro Alves Costa¹, Carolina Alves De Oliveira Gotelip², Carolina Souza Rabelo Ferreira³, Giovanna Carolina Mendes Barbosa¹, Lara Letícia de Sena Moreira², Larissa Gabrielle Batista Ferreira², Lívia Sofia Faria Aleixo³, Priscila Oliveira Tavares²
¹ Graduandas do curso de Farmácia (UFSJ-CCO)
² Graduandas do curso de Bioquímica (UFSJ-CCO)
³ Graduandas do curso de Enfermagem (UFSJ-CCO)
v.3, n.11 2025
Novembro de 2025
As vacinas são uma das maiores descobertas da medicina moderna, trazendo qualidade de vida e contribuindo para a saúde de milhões de indivíduos; oferecem prevenção contra doenças que muito contribuíram para mortes em larga escala no mundo. Contudo, nem todas as vacinas possuem o mesmo modo de produção. Há diversas categorias, todas criadas com tecnologias e mecanismos específicos. Dentre as vacinas, as atenuadas se sobressaem pela sua eficácia e pela proteção de longa duração [1].

Figura 1: Vacina.
Fonte: Assessoria de Comunicação do Humap-UFMS/Rede Ebserh.
As vacinas atenuadas, também conhecidas como vacinas de agentes enfraquecidos, são feitas a partir de vírus ou bactérias que foram alterados em laboratório para perderem sua habilidade de provocar sintomas, mas que ainda mantêm sua capacidade de ativar o sistema de defesa [2].
Dessa forma, atuam como um eficiente mecanismo de proteção contra agentes causadores de doenças. Logo, diferentemente das vacinas inativadas, que utilizam estes agentes já mortos ou seus fragmentos, as atenuadas contêm agentes vivos capazes de se reproduzir de maneira controlada no organismo humano, sem causar a doença em si, mas estimulando uma resposta imunológica [3].
O processo de criação dessas vacinas consiste em reproduzir os organismos de tamanho reduzido (microrganismos) em condições de laboratório (que os obrigam a se adaptar fora do ambiente humano), como em células de animais (por exemplo, ovo de galinha) ou temperaturas variadas. Assim, eles tornam-se menos capazes de se reproduzir de maneira eficaz no organismo humano, tornando-se atenuados, com reduzida habilidade também de provocar a enfer-
midade. Esta abordagem possibilita que o corpo identifique o agressor e forme uma defesa sólida, produzindo tanto anticorpos (proteínas de defesa) quanto células de memória imunológica; estas últimas asseguram uma proteção duradoura. Esse mecanismo é descrito por Pollard e Bijker como uma das razões pelas quais as vacinas atenuadas frequentemente proporcionam imunidade (proteção) após uma ou duas doses, uma vez que simulam de forma muito próxima uma infecção natural, mas sem os riscos associados à doença real [4].
Embora as vacinas atenuadas sejam altamente eficazes e seguras para a maioria da população, elas apresentam algumas restrições e contraindicações. De acordo com Kamboj e Sepkowitz, essa modalidade de vacina não é recomendada para indivíduos com o sistema imunológico enfraquecido, tais como pacientes em tratamento contra o câncer, transplantados ou portadores de graves doenças autoimunes. Isso deve-se ao fato de que, mesmo debilitados, agentes infecciosos vivos ainda possuírem uma capacidade de replicação (multiplicação). Isto pode ser um perigo para pessoas cuja defesa está debilitada, resultando, em situações raras, em quadros infecciosos semelhantes aos evidenciados nos pacientes sofrendo daquela doença [5].
Um exemplo de vacina atenuada é a vacina contra o sarampo, que usa uma versão enfraquecida do vírus para estimular o sistema imunológico, e que tem apresentado ótimos resultados na proteção das pessoas. No entanto, a principal preocupação com esse tipo de vacina é, como mencionado, a possibilidade do agente causador de doença enfraquecido ainda conseguir causar a doença. Para evitar de maneira mais ampla esse risco, pode-se usar uma vacina inativada, feita com o microrganismo morto: o que elimina a possibilidade de causar-se a doença [6].
Como já exemplificado para o sarampo, no caso de infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo B, também existe vacina atenuada, de extrema importância para proteger as pessoas. Nesse contexto, a imunização contra a influenza apresenta-se como um recurso adicional na prevenção das infecções respiratórias agudas (IRAS) em crianças, por exemplo. Com base nos dados disponíveis sobre o impacto desse vírus nessa faixa etária, é possível notar que a vacinação pode oferecer benefícios significativos, como a diminuição de indivíduos com casos graves da doença, necessitando, por exemplo, de internação em hospital [7, 8].
Logo, as vacinas desempenham um papel fundamental na prevenção de doenças transmissíveis e na redução dos casos graves e até na morte das pessoas. Além de contribuírem diretamente para a melhoria da saúde coletiva, também promovem a diminuição dos custos com tratamentos médicos, reduzem a sobrecarga nos serviços de saúde e favorecem o desenvolvimento social e econômico ao prevenir afastamentos do trabalho e escolares. Ademais, a imunização em larga escala colabora para a erradicação ou controle de surtos, protegendo não apenas os indivíduos vacinados, mas também aqueles que, por razões médicas, por exemplo, não podem receber a vacina.
Referências Bibliográficas
[1] Schatzmayr HG. Novas perspectivas em vacinas virais. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 10, supl. 2, p. 655–669, 2003. Disponível através do link: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/VjJzQVWWZtVxSqMmMM4R3WB/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 05 nov. 2025.
[2] Martínez AC, Alvarez-Mon M. O sistema imunológico (I): conceitos gerais, adaptação ao exercício físico e implicações clínicas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 5, n. 3, p. 120–125, 1999. Disponível através do link: https://www.scielo.br/j/rbme/a/KzSkBYkSszWjrzwzDtsdnwg/. Acesso em: 05 nov. 2025.
[3] Abbas AK et al. Imunologia celular e molecular. Rio De Janeiro: Elsevier, 2019. Disponível através do link: https://pt.slideshare.net/slideshow/imunologia-celular-e-molecular-9-ed-abbaspdf/252033142. Acesso em: 05 nov. 2025.
[4] Pollard AJ, Bijker EM. A guide to vaccinology: from basic principles to new developments. Nature Reviews Immunology, v. 21, p. 83–100, 2021. Disponível através do link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33353987/. Acesso em: 05 nov. 2025.
[5] Kamboj M, Sepkowitz KA. Risk of transmission associated with live attenuated vaccines given to healthy persons caring for or residing with an immunocompromised patient. Infection Control and Hospital Epidemiology, v. 28, n. 6, p. 702-707, 2007. Disponível através do link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17520544/. Acesso em: 05 nov. 2025.
[6] Hajra D. et al. Attenuation Methods for Live Vaccines. Methods in Molecular Biology, v. 2183, p. 1-14, 2021. Disponível através do link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32959252/. Acesso em: 05 nov. 2025.
[7] Cintra OAL, Rey LC. Segurança, imunogenicidade e eficácia da vacina contra o vírus influenza em crianças. Jornal de Pediatria, v. 82, n. 3, p. s83–s90, 2006. Disponível através do link: https://www.scielo.br/j/jped/a/d6NcBZcRNwjnss9yc9Z9nSd/. Acesso em: 05 nov. 2025.
[8] Giffin K, Costa SH. (Orgs.) Questões da saúde reprodutiva. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1999. 468 p. Disponível através do link: https://books.scielo.org/id/t4s9t/pdf/giffin-9788575412916-12.pdf. Acesso em: 05 nov. 2025.