
Em foco:
UFAM
Lara Letícia de Sena Moreira¹, Larissa Gabrielle Batista Ferreira¹, Priscila Oliveira Tavares¹, Carolina Alves De Oliveira Gotelip¹, Lívia Sofia Faria Aleixo², Carolina Souza Rabelo Ferreira², Renata Monteiro Alves Costa³, Giovanna Carolina Mendes Barbosa³
¹ Graduandas do curso de Bioquímica (UFSJ CCO)
² Graduandas do curso de Enfermagem (UFSJ CCO)
³ Graduandas do curso de Farmácia (UFSJ CCO)
v.3, n.11, 2025
Novembro de 2025
A Universidade Federal do Amazonas (UFAM) é conhecida como a primeira universidade constituída formalmente no Brasil, e uma das instituições públicas pioneira no desenvolvimento do conhecimento científico na região norte do país. Seu início foi marcado por estímulo do tenente-coronel Joaquim Eulálio Gomes da Silva Chaves do Clube da Guarda Nacional do Amazonas [1,3,2].

Figura 1: UFAM.
Diante da formação social do Amazonas, no período conhecido como “Ciclo da Borracha”, registrou-se um grande desenvolvimento no setor econômico, cultural e científico no estado, consequência do capital estrangeiro aplicado sobre a extração da borracha nos seringais. Logo, a demanda por mão de obra qualificada passou a ser urgente, levando à criação de espaços e instituições que privilegiassem o conhecimento e a formação técnica e profissional. Este foi o movimento responsável pela criação de instituições como o Clube da Guarda Nacional, fundado em 1906, que daria origem à Escola Militar Prática do Amazonas dois anos depois, em 1908. Finalmente em janeiro de 1909, esta se denominava Escola Universitária Livre de Manáos. Apesar da mudança do nome, os cursos de formação militar foram preservados, porém, implementando os cursos de Engenharia Civil, Agrimensura (medição e demarcação territorial), Agronomia, Indústrias, Ciências Jurídicas e Sociais, bacharelado em Ciências Naturais e Farmacêuticas e Letras [1,2].
Em 13 de julho de 1913, nova mudança de nome ocorreu, passando a ser chamada de Universidade de Manaus. Porém a experiência bem sucedida da primeira universidade brasileira durou somente 17 anos, sendo ela desativada em 1926, substituída pela Associação Vulgarizadora do Ensino, que se encarregou de algumas unidades remanescentes. Tal fato acarretou o formato "unidades isoladas de ensino" mantidas pelo Estado. Desta experiência restou apenas a Faculdade de Direito, mais tarde incorporada pela Universidade do Amazonas, criada em 12 de junho de 1962 através da Lei nº 4.069-A. Tal fundação federal assumiu oficialmente o legado da antiga Escola Universitária Livre de Manáos [1,2].
A Universidade do Amazonas consolidou-se e ampliou sua estrutura por meio da criação de novos cursos e absorção de outros já existentes. A estrutura da instituição passa a ser a seguinte: Faculdade de Direito do Amazonas, Ciências e Letras, Faculdade de Estudos Sociais, Faculdade de Engenharia, Faculdade de Filosofia, Faculdade de Medicina e Faculdade de Farmácia e Odontologia [2].
Em 17 de janeiro de 1965 a Universidade converteu-se em Fundação de Direito Público mantida pela União Federal. No entanto, a mudança de denominação de Universidade do Amazonas (UA) para Universidade Federal do Amazonas (UFAM) aconteceu em 20 de junho de 2002, tendo como o objetivo de ministrar o ensino superior e desenvolver o estudo e a pesquisa [2].
Atualmente, a UFAM possui cerca de 300 grupos de pesquisa reconhecidos pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), e abrange 18 áreas do conhecimento, entre institutos e faculdades. A oferta anual ultrapassa 30 cursos de Pós-Graduação, e na área de Extensão são mais de 600 projetos e 17 programas extensionistas de grande alcance, que impactam positivamente a vida da população [1,2].
Ademais, o desenvolvimento da comunidade científica do estado, pautou-se em uma ampliação e diversificação de instituições e de agentes no campo científico. E como frutos desse desenvolvimento científico e tecnológico que ganha materialidade em instituições como a UFAM, surgem e se consolidam cada vez mais espaços de formação de novos pesquisadores, realização de investigações e produção e divulgação de conhecimento científico no estado [1].
De acordo com o Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq (DGP/CNPq), no norte do País, dentre os sete estados que o compõem, o Amazonas ocupa a segunda posição em números de grupos de pesquisas, perdendo a liderança apenas para o Pará. De 2000 a 2016, o Amazonas obteve o título de instituição que mais expandiu em termos de rede de pesquisa, tendo grande destaque por seu desenvolvimento [1].
Esse avanço na pesquisa científica reflete-se em inovações de impacto, como é o caso do desenvolvimento de um modelo inédito de pele artificial para o uso em testes de toxicidade de cosméticos e fármacos, com a finalidade de substituir o teste em animais. O projeto iniciou-se em 2016, liderado pela doutoranda Leilane Bentes de Sousa, no laboratório de Atividades Biológicas da Faculdade Ciências Farmacêuticas da UFAM. Para as indústrias de cosméticos utilizarem as peles para teste, é necessário que cumpram com os requisitos de validação exigidos pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) e no presente estudo verificou-se que a pele produzida poderia mimetizar, ou seja ‘’imitar’’ as principais funções da pele humana. O ineditismo do processo consiste na utilização de células humanas permanentes, sem o uso de soro derivado do sangue do feto de vacas, que acelera a proliferação celular, e fator de crescimento de células especializadas da pele que possuem queratina, o que garante a não fragilidade do modelo para importação; isso o diferencia de outros modelos e confere vantagens importantes [4].
Portanto, a UFAM e seu pioneirismo possuem grande relevância no cenário de desenvolvimento socioeconômico e científico para a região norte e para o Brasil. O que começou com a necessidade de mão de obra qualificada no contexto do Ciclo da Borracha, evoluiu para o cenário atual com inovações na ciência, como a criação de pele artificial para substituição de testes em animais. Assim, a região norte destaca-se de maneira crescente por sua ampliação e diversificação tecnológica, mostrando-se essencial e estratégica para o futuro do país.
Referências Bibliográficas
[1] da Silva CF et al. A Universidade Federal do Amazonas e seu papel na construção da comunidade científica amazonense: história e consolidação. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 3, p. 21834-21847, 2021.
[2] UFAM. História. 2025. Disponível através do link: https://www.ufam.edu.br/historia.html. Acesso em: 05 nov. 2025.
[3] Santana JQde et al. 2013. Universidade Federal do Amazonas (UFAM): Inovação e Gestão do Conhecimento na Região Norte do Brasil. Disponível através do link: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/114926. Acesso em: 05 nov. 2025.
[4]UFAM. Modelo de pele artificial inédito é produzido na Ufam para uso em testes de toxicidade. 2025. Disponível através do link: https://ufam.edu.br/divulgacao-cientifica/673-pele-artificial-e-produzida-na-ufam-para-uso-em-testes-de-toxicidade.html. Acesso em: 05 nov. 2025.