
Entrevista:
Bruna Mara Aparecida de Carvalho Mesquita

BRUNA MARA APARECIDA DE CARVALHO MESQUITA
Graduada em Engenharia de Alimentos pela UESB (2006), Mestre (2007) e Doutora (2010) em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV, com pós-doutorado sênior (CNPq). Professora Associada da UFMG – Instituto de Ciências Agrárias, coordena o Laboratório de Processos do CPCA (Centro de Pesquisas em Ciências Agrárias) e atua na pesquisa aplicada em Engenharia de Alimentos com foco em desenvolvimento de novos produtos alimentícios, insetos comestíveis, cromatografia por afinidade, frutos do bioma Cerrado.
Por Christopher Santos Silva¹, Fernanda Maria Policarpo Tonelli²
¹Graduando do curso de Bioquímica da UFFS-CCO
²Editora chefe do "À Luz da Ciência"
v.3, n.5, 2025
Maio de 2025
Quando percebeu que possuía interesse por ciência?
O interesse por ciência foi despertado nos primeiros estágios de graduação: em 2002, no Projeto Pirapora (AUPPI), e em 2003, na Nestlé S/A, quando tive contato direto com processos de pré-colheita, processamento de vegetais e análise de alimentos, consolidando minha vocação para a pesquisa em tecnologias de valorização de insumos agroindustriais.
Teve dúvidas ao realizar a escolha do curso de graduação?
Sim (risos). Na época, prestei vestibular para Engenharia de Alimentos e Psicologia. No momento da decisão, minha opção pela Engenharia de Alimentos foi, em grande parte, motivada pela proximidade de familiares na cidade onde ficava a universidade, o que facilitaria minha adaptação. Confesso que cheguei a pensar se havia tomado a decisão correta, mas, logo nas primeiras disciplinas de Engenharia, percebi que havia encontrado minha verdadeira vocação. A cada laboratório e projeto, crescia meu entusiasmo. Descubro até hoje na minha formação a combinação perfeita entre ciência, tecnologia e impacto social.
O que considera ter sido decisivo em sua escolha por seguir a carreira científica?
A participação em projetos de iniciação científica e estágios técnicos, aliada a orientações de renomados pesquisadores e ao apoio de agências de fomento (FAPESB, CNPq): foram os elementos centrais que me motivaram a dedicar à carreira acadêmica/científica.
Por qual razão optou por dedicar-se à área de estudos na qual realiza suas pesquisas?
A área de Engenharia de Alimentos une seus interesses em inovação tecnológica, sustentabilidade e segurança alimentar, permitindo gerar soluções de alto impacto para a indústria de alimentos e para a nutrição humana.
Qual a principal motivação para seguir trabalhando com ciência no Brasil?
Formar recursos humanos qualificados, fortalecer a pesquisa local e gerar tecnologias que valorizem a produção regional (sobretudo na região do norte de Minas), contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico e para a soberania alimentar do país.
Qual a principal dificuldade que enfrenta trabalhando com ciência no Brasil?
A escassez e a instabilidade de recursos financeiros para pesquisa, aliada à burocracia em universidades federais, são os maiores obstáculos para manter laboratórios atualizados e projetos de longo prazo.
O que gostaria de dizer para quem deseja seguir a carreira científica?
Cultive a curiosidade, mantenha a perseverança e valorize a colaboração. Na ciência, a resiliência diante das falhas é essencial: cada experimento que não atinge o resultado esperado carrega um ensinamento. Invista no trabalho em equipe, busque orientações de qualidade e nunca abandone o sonho de desenvolver soluções que, um dia, façam a diferença na vida das pessoas.