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Texto 4 - Colágeno importância no organismo, implicações no envelhecimento e suplementação

Colágeno: importância no organismo, implicações no envelhecimento e suplementação através de cápsulas

Leonardo Maciel Santos Silva, Joseane Oliveira Pereira, Mariana de Fátima Rabelo Silva, Bruna Aparecida Vieira Mathias, Maria Eduarda de Oliveira Lima

Graduandos do curso de Bioquímica (UFSJ-CCO)

v.2, n.12, 2024
Dezembro de 2024

Colágeno é o termo utilizado para nomear uma família de 28 proteínas (moléculas que desempenham papeis vitais no corpo, como construir músculos, reparar células e auxiliar em diversas funções biológicas essenciais) presentes no corpo humano, totalizando 30% de todas as proteínas do organismo [1]. Está tão presente na pele que chega a compor 90% da massa seca (massa descontando a porcentagem de água) desta [2].

 

As proteínas chamadas colágeno (Figura 1) são ditas fibrosas (em forma de fita, fibra) e estão normalmente presente nos tecidos conjuntivos (tecidos de conexão, como exemplo as cartilagens no nariz e orelhas) do corpo, sendo importantes para a sustentação, resistência e elasticidade. 

Cada proteína desta é constituída de aminoácidos (os blocos que geram as proteínas) organizados em paralelo a um eixo imaginário vertical, formando assim as fibras. A síntese do colágeno no corpo (biossíntese) é iniciada em uma estrutura celular dedicada à produção proteica, chamada  retículo endoplasmático rugoso (RER) em células denominadas fibroblastos (que estão localizados na pele, ligamentos, tendões, cartilagens).

Texto 4 - Colágeno importância no organismo, implicações no envelhecimento e suplementação

Figura 1: Fibras de colágeno visualizadas pelo microscópio óptico.

Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fibras_de_colageno.JPG.

No RER acontece a união dos aminoácidos na sequência correta para formar o que se denomina pró-colágeno (o precursor, estrutura que antecede o colágeno). Então este precursor é enviado para vesículas (esferas de transporte ou armazenamento na célula), formadas num ambiente da célula chamado complexo de Golgi. Posteriormente o conteúdo destas vesículas é secretado, enviado para fora das células, para um ambiente conhecido como matriz extracelular (espaço entre uma célula e outra do tecido). Já na matriz extracelular, ocorre a quebra das extremidades do pró-colágeno, processo que permite a formação de moléculas de tropocolágeno. Tropocolágenos se unem para formar fibrilas, que em conjunto formam as fibras de colágeno, organizadas em feixes [3].

A concentração de  colágeno na pele é responsável por várias características, dentre as quais destacam-se a manutenção da flexibilidade e estrutura, resistência e integridade desta.  Há ainda efeitos desta proteína no processo de cicatrização, favorecendo-o [1]. É possível ainda mencionar a  participação deste na regulação da produção pela célula de estruturas como unhas e pelos, por exemplo[4].

Entretanto, alterações nos níveis normais de colágeno podem causar diversos efeitos em todo o corpo. Uma situação peculiar em que ocorre a diminuição dessa molécula, e que é bastante estudada atualmente, é o processo de envelhecimento. Com o aumento sistemático da população idosa, há uma maior atenção voltada para essa faixa etária [5]. 

A redução na produção de colágeno associada ao envelhecimento pode levar a várias mudanças perceptíveis e funcionais no organismo. A pele, por exemplo, torna-se mais fina, menos elástica e mais propensa a rugas e flacidez. Além disso, a falta de colágeno pode causar a fragilidade das unhas e a perda de cabelo. As articulações também são afetadas, pois o colágeno é um componente vital da cartilagem que amortece os impactos nas articulações. Com a diminuição dessa substância, há aumento da rigidez e surgimento de dor nas articulações, o que pode levar a condições como a osteoartrite [5]. 

Assim, já existem produtos sendo comercializados destinados a minimizar os efeitos da diminuição da produção de colágeno pelo organismo na velhice, como as cápsulas de colágeno [5]. Essas formulações geralmente contêm colágeno hidrolisado (tratado com enzimas para separar os aminoácidos que constituem a proteína) [1]. Logo, ao ingerir colágeno através da alimentação ou das cápsulas, o organismo absorve os aminoácidos que constituem a proteína. No entanto, não necessariamente estes blocos de construção de proteínas serão usados para produção de mais fibras de colágeno; podem ser destinados para outro destino que seja importante para o momento em que o indivíduo se encontra (como por exemplo, para produzir outras proteínas ou energia).

Contudo, há controvérsias sobre o uso destas cápsulas para melhorar-se os aspectos mencionados, associados ao envelhecimento. Há diversos estudos que indicam a eficiência da ingestão de colágeno na recuperação da flexibilidade da pele, no fortalecimento de unhas frágeis e na redução de rugas [1, 3, 5]. No entanto, especialistas afirmam que não há comprovação científica de que o colágeno auxilia nas articulações, por exemplo [6].

O colágeno é portanto uma peça chave no funcionamento do organismo e o estudo deste está fortemente associado com os estudos sobre o processo natural de envelhecimento. Com relação às formulações contendo esta proteína, estudos apontam que pode-se conseguir algumas melhorias desejadas como a redução de flacidez da pele; porém há controvérsias quanto a conseguir-se, via reposição por meio de cápsulas, alguns efeitos benéficos do colágeno como aqueles para as articulações. Destaca-se ainda que o uso de cápsulas deve ser associado a uma alimentação equilibrada e acompanhado por um médico especialista da área.

Referências Bibliográficas

[1] Papaiordanou F, et al. Colágeno e pele: da estrutura às evidências de sua suplementação oral. Surgical & Cosmetic Dermatology. 2022; 14: 1-13. Disponível através do link: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2022/08/1391127/v14a110.pdf . Acesso em: 05 dez. 2024.

[2] Quan T, Fisher, G.J. Role of age-associated alterations of the dermal extracellular matrix microenvironment in human skin aging: a mini-review. Gerontology 61.5 (2015): 427-434. Disponível através do link: https://doi.org/10.1159/000371708. Acesso em: 05 dez. 2024.

[3] Silva TFda; Penna ALB. Colágeno: Características químicas e propriedades funcionais. Revista do Instituto Adolfo Lutz. 2012; 2012: 530-539. Disponível através do link: https://repositorio.unesp.br/items/72ea30b8-b569-4f74-8cd0-4402c15307b9. Acesso em: 05 dez. 2024.

[4] Hexsel D, et al. Oral supplementation with specific bioactive collagen peptides improves nail growth and reduces symptoms of brittle nails. Journal of cosmetic dermatology. 2017; 16(4): 520-526. Disponível através do link:https://doi.org/10.1111/jocd.12393. Acesso em: 05 dez. 2024.

[5] Gazdzichi AK, et al. Efeitos da suplementação do colágeno para pele: revisão sistemática. Brazilian Journal of Health Review. 2023; 6(2): 5740-5750.

[6] Sociedade Brasileira de Reumatologia. Benefício de colágeno às articulações não tem comprovação científica. Disponível através do link: https://www.reumatologia.org.br/orientacoes-ao-paciente/beneficio-de-colageno-as-articulacoes-nao-tem-comprovacao-cientifica-2/ . Acesso em 05 dez.  2024.

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