Doença de Alzheimer e a contribuição do nanoscópio por Ado Jório
Bruna Aparecida Vieira Mathias, Maria Eduarda de Oliveira Lima, Joseane Oliveira Pereira, Leonardo Maciel Santos Silva, Mariana de Fátima Rabelo Silva
Graduandos do curso de Bioquímica (UFSJ-CCO)
v.2, n.10, 2024
Outubro de 2024
A doença de Alzheimer (ou mal de Alzheimer) é classificada como uma patologia neurodegenerativa. Patologias neurodegenerativas "são condições debilitantes, ainda sem cura, que afetam pessoas de todas as idades e resultam da destruição progressiva e/ou morte de neurônios" [1]. O envelhecimento é um fator crucial de risco para o seu desenvolvimento, sendo que o principal sintoma envolve a perda de memória, além da presença de um comportamento agressivo e variações de humor. Com a evolução do quadro, a perda de memória se torna mais evidente e intensa, ocasionando nos pacientes dificuldades em realizar tarefas cotidianas, além de sinais de irritabilidade e alucinações. Na fase mais grave da doença, o indivíduo tem memória extremamente prejudicada, dificuldade na deglutição, dificuldade em controlar urina e fezes e dificuldade motora [2].
O diagnóstico da doença de Alzheimer é complexo devido às semelhanças com outros tipos de demências. Dentre os fatores que podem estar associados ao desenvolvimento da doença estão fatores genéticos (que podem ser transmitidos entre gerações), ambientais, baixo nível de escolaridade, hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade, sedentarismo, traumatismo craniano, depressão, tabagismo, perda auditiva e isolamento social [3]. A avaliação clínica para diagnóstico envolve anamnese que "é o diálogo estabelecido entre profissional de saúde e paciente com o objetivo de ajudá-lo a lembrar de situações e fatos que podem estar relacionados à sua doença" [4]. No entanto, também realiza-se exames de imagem, preferencialmente ressonância magnética de crânio e exames de sangue complementares [5].
Nesse contexto, o professor titular do departamento de física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ado Jório, desenvolveu uma nova metodologia para o diagnóstico de mal de Alzheimer, a qual consiste na utilização de nanoscópio, microscópio que possibilita observar estruturas um milhão de vezes menor que o milímetro. Desse modo é possível identificar a presença da proteína beta-amiloide, relacionada à doença de Alzheimer, possibilitando um diagnóstico mais rápido, antes mesmo de manifestarem-se sintomas no indivíduo [6].
Essa técnica de nanoscopia ganhou enorme destaque na ciência, pois além de possibilitar o diagnóstico precoce, possui outras aplicações como o desenvolvimento de nanotecnologia (tecnologia na pequena escala mencionada) incluindo materiais de interesse da agroindústria. Com essa notória contribuição na ciência, o nanoscópio desenvolvido ganhou o prêmio Péter Murányi 2024, uma premiação destinada ao reconhecimento dos pesquisadores nos avanços de áreas como ciência e tecnologia [7].
Figura 2: Professor Ado demonstrando o nanoscópio desenvolvido.
Fonte:https://agencia.fapesp.br/nanoscopio-desenvolvido-na-ufmg-vence-o-premio-peter-muranyi-2024/50910
O mal de Alzheimer, por ser uma doença progressiva, envolve sintomas que se tornam mais intensos com o passar do tempo; por isso o diagnóstico precoce se torna importante. Apesar de não haver tratamento específico para que o paciente fique curado, existem medicamentos que se forem utilizados nas fases iniciais da doença irão estabilizar o quadro, retardando seu avanço. Portanto, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico, maiores as chances deste retardo da doença, fornecendo mais qualidade de vida para os indivíduos acometidos [8].
Referências Bibliográficas
[1] Fundação Calouste Gulbenkian. Doenças Neurodegenerativas. Disponível através do link: <https://content.gulbenkian.pt/wp-content/uploads/sites/16/2018/04/24100926/Dossie_2015_Neurodegenerativas.pdf>. Acesso em: 05 out. 2024.
[2] Roller LdeF et al. Diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer: Importância e Desafios. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 6, n. 3, p. 2778–2786, 2024.
[3] Schilling LP et al. Diagnóstico da doença de Alzheimer: recomendações do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. Dement. neuropsychol., v. 16, n. 3, p. 25–39, 2022.
[4] Portal Telemedicina. O que é anamnese e como é feita. Disponível através do link: <https://portaltelemedicina.com.br/o-que-e-anamnese-e-como-e-feita>. Acesso em: 05 out. 2024.
[5] Neurologia.com. Demências e Alzheimer. Disponível através do link: <https://www.neurologica.com.br/tratamentos-neurologicos/demencias-alzheimer/>. Acesso em: 05 out. 2024.
[6] Empresa Brasil de Comunicação. Físico Ado Jório mostra como pesquisa ajuda pacientes com Alzheimer. Disponível através do link: <https://www.ebc.com.br/fisico-ado-jorio-mostra-como-pesquisa-ajuda-pacientes-com-alzheimer#:~:text=Na%20instituição%2C%20Jório%20coordena%20pesquisas,de%20se%20manifestar%20no%20organismo>. Acesso em: 05 out. 2024.
[7] Agência FAPESP. Nanoscópio desenvolvido na UFMG vence o Prêmio Muranyi 2024. Disponível através do link: <https://agencia.fapesp.br/nanoscopio-desenvolvido-na-ufmg-vence-o-premio-peter-muranyi-2024/50910>. Acesso em: 05 out. 2024.
[8] Ministério da Saúde. Diagnóstico Precoce da Doença de Alzheimer. Disponível através do link: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/setembro/saude-reforca-importancia-do-diagnostico-precoce-da-doenca-de-alzheimer-para-evitar-progressao-rapida-da-doenca#:~:text=Por%20isso%2C%20quanto%20mais%20cedo,a%20evolução%20rápida%20do%20Alzheimer>. Acesso em: 05 out. 2024.