Desvendando os Mistérios do Universo: O Fascinante Mundo do Bóson Z e o Legado de José Leite Lopes
Júlia Maria Batista Lima, Wagner Cândido de Carvalho Junior, Yasmin Salete Alves Rodrigues
Graduandas do curso de Enfermagem(UFSJ-CCO)
v.2, n.10, 2024
Outubro de 2024
Na vastidão do cosmos, há presença de partículas tão pequenas que desafiam nossa imaginação. Como exemplo, pode-se mencionar o bóson Z, que é uma partícula considerada mediadora da força fraca, sendo peça chave no quebra-cabeça de uma área de estudos conhecida como física de partículas. Assim como o bóson Z existem outros tipos de bósons: partículas fundamentais responsáveis pelas transmissões das forças fundamentais da natureza [1] (Figura 1).
Figura 1: Modelo Padrão da Física de Partículas, onde temos representados os léptons, quarks e os bósons.
Fonte: https://www.scielo.br/j/rbef/a/zdFcZNbFKx4x4gVbrL7wnxR/
A descoberta do bóson Z não apenas desempenhou um papel crucial na compreensão destas chamadas forças fundamentais que regem o universo, mas também abriu novos horizontes para a humanidade desvendar os mistérios do Cosmos.
A física de partículas desempenha um papel vital oferecendo resultados de estudos avançados destas partículas elementares e das forças fundamentais a nível subatômico (dentro da estrutura de um átomo). Em várias tecnologias e aplicações no dia-a-dia, estas descobertas possuem impacto direto: não só na forma como vivemos, mas também na maneira como interagimos com o mundo ao nosso redor. Em diversas áreas da ciência é possível evidenciar benefícios dos resultados destes estudos e destas descobertas. Na medicina, por exemplo, a radioterapia para combate ao câncer beneficiou-se destes estudos. Sendo assim, o legado na física teórica e o compromisso de pesquisadores deste campo com a pesquisa científica vem impactando significativamente a sociedade de maneira positiva.
No que tange os bósons (Figura 1) estes podem ser subclassificados em diferentes bósons elementares: o fóton (que está associado a força eletromagnética - relativa a interações de cargas elétricas e campo magnético), o glúon (partícula sem carga e sem massa que ajuda a manter o núcleo unido) bósons W+ e W- (responsáveis por mediar as forças nuclear fraca e nuclear forte), bóson de Higgs (que é responsável por dar massa às partículas elementares) e o bóson Z desempenhando um papel fundamental como mediador nas interações nucleares fracas [1].
O bóson Z é partícula fundamental que desempenha um papel crucial nas forças fracas, o que significa que é responsável por mediar a interação entre partículas subatômicas, permitindo transformações importantes como o decaimento beta, que ocorre em elementos radioativos e a unificação eletrofraca, criando estabilidade dos núcleos atômicos, participando de fenômenos nucleares [1,2]. Na física de partículas, é classificado como eletricamente neutro (sem carga global positiva ou negativa). Possui massa elevada, tem vida média extremamente curta o que significa que ele decai (diminui em teor de energia deixando de ser reconhecida como bóson Z) rapidamente após ser produzido em colisões de partículas [1-3].
A descoberta do bóson Z foi um marco na física moderna, pois ela confirmou o modelo padrão, a teoria que descreve as partículas fundamentais e as forças que governam o universo. Além disso, essa descoberta nos ajudou a compreender melhor como o universo evoluiu desde o Big Bang, que é a teoria mais aceita pela comunidade científica para explicar a origem do universo, até os dias atuais. Através de experimentos complexos realizados em equipamentos chamados aceleradores de partículas, os pesquisadores conseguiram observar as assinaturas características deixadas por essa partícula. Os experimentos também forneceram dados cruciais das interações que envolvem o bóson Z, permitindo aos cientistas confirmar sua existência e caracterizar suas propriedades com precisão. A colaboração de cientistas de diversos países nesses experimentos exemplifica a natureza global e colaborativa da pesquisa em física de partículas, caracterizando e descrevendo as interações fundamentais da natureza e a estrutura do universo em escalas subatômicas, formando um arcabouço teórico para embasar explicações a todos aqueles que se interessem por este conhecimento [1-3].
Figura 1: Físico José Leite Lopes.
Fonte: https://www.scielo.br/j/ea/a/LcPFRMCfLXVcdTvBx5NVm6w/#
Dentre os cientistas que contribuíram com o descobrimento do bóson Z, está o físico brasileiro José Leite Lopes, nascido em Pernambuco. Este foi físico, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e professor emérito das Universidades: Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (onde trabalhou de 1946 a 1964 e de 1967 a 1969) e de Estrasburgo [4]. Contribuiu significativamente para a ciência; dentro do contexto de descobrimento do bóson Z. Foi o primeiro a apontar existência de uma partícula mediadora neutra nas interações fracas no núcleo do átomo, que viria a ser o bóson Z. Com isso, contribuiu para estabelecer as bases das pesquisas da chamada unificação eletrofraca [2,4]. Sua teoria contribuiu para as pesquisas de outros cientistas, envolvendo pesquisas sobre a confirmação da existência da partícula, vencedoras do maior prêmio da ciência mundial: o prêmio Nobel [2].
Em resumo, o Bóson Z e o trabalho de José Leite Lopes mostram que, mesmo nas menores escalas, há um mundo de descobertas esperando para ser explorado. Graças à curiosidade humana e ao trabalho árduo dos cientistas, continuamos a desvendar os mistérios do universo, contribuindo para as inovações em áreas como a medicina nuclear, a terapia de radiação e o desenvolvimento de novos materiais com aplicações tecnológicas avançadas. Os avanços das pesquisas em física de partículas e a exploração dos fenômenos fundamentais podem trazer benefícios importantes para a sociedade, demonstrando necessidade das pesquisas contínuas sobre as partículas elementares e divulgação deste conhecimento de maneira acessível, pois a ciência não deve limitar-se somente aos cientistas; a ciência é para todos!
Referências Bibliográficas
[1] Souza MAM et al. Jogo de Física de partículas - Descobrindo o bóson de Higgs. Revista Brasileira de Física, v. 42, n. 2, 2019. Disponível através do link:< https://www.scielo.br/j/rbef/a/zdFcZNbFKx4x4gVbrL7wnxR/>. Acesso em: 05 out. 2024.
[2] Deros MAdeO, Da Silveira, GG. Os 40 anos do descobrimento do bóson Z0 - o mediador de correntes neutras. Revista Brasileira de Física, v. 46, 2024. Disponível através do link:<https://www.scielo.br/j/rbef/a/LLm5mGZkLZkZdX4cwb8F9bk/?lang=pt>. Acesso em: 05 out. 2024.
[3] Daumann CC. Modelo padrão - Estudo da reconstrução da massa de bósons Z no processo Z em colisões próton-próton. Disponível através do link: < https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/43/43134/tde-02052023-101123/en.php > Acesso em: 05 out. 2024.
[4] Moura M. José Leite Lopes – Um físico a toda prova. Revista da FAPESP, Edição 59. Nov. 2000. Disponível através do link: < https://revistapesquisa.fapesp.br/um-fisico-a-toda-prova/ > Acesso em: 05 out. 2024.