Síndrome Metabólica
Ana Luiza Braga Souza, Esther Leides Silva Oliveira, João Vítor Nunes Alves, Larissa Alves de Souza, Rayandra Kethlyn Souza Teixeira, Thainara Marçal Pelegrino, Vinícius de Souza Costa
Graduandos da UFSJ-CCO
v.2, n.8, 2024
Agosto de 2024
A expressão Síndrome Metabólica (SM) refere-se a uma combinação de fatores de risco (Figura 1) que se apresentam em um indivíduo, aumentando sua probabilidade de desenvolver doenças cardíacas, derrames (os chamados acidentes vasculares) e diabetes. Essa síndrome tem como principal característica as altas doses de açúcar glicose no sangue do paciente. No diabetes do tipo 2, o mais associado à SM, os indivíduos produzem a insulina (o hormônio responsável pelo controle da quantidade de glicose no sangue), porém são resistentes às ações dela para oferecer este controle. Por essa razão, também é chamada de síndrome de resistência à insulina [1]. É uma condição multifatorial que envolve fatores genéticos e ambientais, como sedentarismo e dieta inadequada. Estudos sugerem que ela pode começar já no útero, especialmente em bebês nascidos pequenos para a idade gestacional [2]. Variações hormonais ao longo da vida, como durante a menopausa, também podem aumentar o risco de SM devido ao acúmulo de gordura abdominal [3].
Estudos comprovam que existe uma ligação estreita entre obesidade, sedentarismo e SM. Crianças obesas têm maior probabilidade de se tornarem adultos obesos, destacando a importância da atividade física na prevenção e combate à obesidade e dos riscos metabólicos, especialmente desde a infância. A obesidade em crianças e adolescentes é um grande problema de saúde pública, aumentando o risco de desenvolver resistência à insulina e outros problemas metabólicos. A alimentação durante os primeiros anos de vida é particularmente importante para prevenir esse cenário [4].
Os critérios para diagnosticar a SM variam, mas geralmente incluem a presença de pelo menos três destes problemas: açúcar elevado no sangue, pressão alta, níveis anormais de gordura no sangue e excesso de gordura na barriga [5]. Esses critérios são importantes tanto para adultos quanto para crianças, embora os valores de referência para crianças ainda não sejam totalmente padronizados [6].
Figura 1: Componentes da síndrome metabólica segundo Ncep-ATP III.
Os principais aspectos ou substâncias avaliadas para diagnóstico da síndrome metabólica estão apresentados na Figura 1. A obesidade abdominal é medida pela circunferência da barriga. Para homens, é considerada obesidade abdominal se a circunferência for superior a 102 cm, e para mulheres, se for superior a 88 cm. Os triglicerídeos são um tipo de gordura que pode estar armazenada ou circulando no sangue. Se o nível de triglicerídeos no sangue for igual ou superior a 150 mg/dL, é considerado um fator de risco. Já o HDL Colesterol (colesterol transportado em arranjos chamados lipoproteínas que apresentam alta massa em pequeno volume) é conhecido como "bom colesterol". Para homens, ter um nível de HDL colesterol abaixo de 40 mg/dL é considerado um fator de risco. Para mulheres, o limite é abaixo de 50 mg/dL.
A pressão arterial é uma medida realizada em duas partes: a pressão sistólica (máxima) e a pressão diastólica (mínima). Se a pressão sistólica for igual ou superior a 130 mmHg e a pressão diastólica for igual ou superior a 85 mmHg, é considerado um fator de risco. A glicemia de jejum se refere ao nível de açúcar no sangue após um período de jejum. Se o nível de glicemia de jejum for igual ou superior a 110 mg/dL, é considerado um fator de risco.
É importante notar que a presença de Diabetes Mellitus não exclui o diagnóstico da Síndrome Metabólica, ou seja, uma pessoa pode ter ambas as condições ao mesmo tempo. Estes critérios ajudam os profissionais de saúde a identificar indivíduos com maior risco de desenvolver essas doenças e tomar medidas preventivas adequadas [5].
O tratamento da SM envolve mudanças no estilo de vida, como melhorar a alimentação e promover a atividade física regular. O plano alimentar saudável é o principal mecanismo no tratamento da síndrome metabólica e deve reduzir de 5% a 10% das calorias para controle de peso, ou seja, escolher os alimentos certos. Como mostrado na figura 2, é sugerido que metade das calorias da dieta sejam dispensadas aos carboidratos, como arroz e macarrão, cerca de 15% de proteínas, como carnes magras e peixes, e menos da metade de gorduras, como óleo, manteiga ou nozes. A ingestão diária de fibras deve ser de 20g a 30g, encontrados em frutas, legumes e verduras. Recomendações acerca de outros macronutrientes, como gordura total, ácidos graxos e colesterol podem ser verificados na Figura 2. Estas recomendações visam melhorar a saúde e reduzir complicações associadas à síndrome metabólica [6].
Para adultos, adotar um estilo de vida saudável é crucial, incluindo exercícios regulares, alimentação balanceada e abandono de hábitos prejudiciais como tabagismo e consumo excessivo de álcool. O tratamento da Síndrome Metabólica geralmente envolve o controle de comorbidades como hipertensão e diabetes, juntamente com mudanças no estilo de vida [6]. Para crianças e adolescentes, a modificação do estilo de vida é a principal forma de prevenir ou tratar a obesidade e a SM, com opções como medicação ou cirurgia geralmente reservadas para casos extremos [7].
Portanto, é essencial promover hábitos saudáveis desde os primeiros meses de vida, visando prevenir a SM em todas as fases da vida, tanto em homens quanto em mulheres [1]. É preciso educar a população sobre a importância de hábitos saudáveis desde cedo, envolvendo pais e responsáveis na promoção de uma dieta equilibrada e um estilo de vida ativo, especialmente nas fases mais vulneráveis da vida, como a infância e a adolescência [8].
Figura 2: Composição do plano alimentar recomendado para a síndrome metabólica.
Referências Bibliográficas
[1] Mendes MG, Nascimento LM, Gomes KRO, Moreira-Araújo RS dos R, Rodrigues MTP, Araújo TME de, et al. Prevalência de Síndrome Metabólica e associação com estado nutricional em adolescentes. Cadernos Saúde Coletiva, 2019. Disponível através do link: https://www.scielo.br/pdf/cadsc/v27n4/1414-462X-cadsc-1414-462X201900040066.pdf . Acesso em: 04 ago. 2024.
[2] Nunes MILB, Matos AGDM, Lima LEDM, Brito-neto JGD. Atividade física como prevenção da obesidade e síndrome metabólica na infância e adolescência: uma revisão integrativa. Multidisciplinary Reviews, v. 4, n. 1, e2021009, 2021.
[3] Silva R do C, Pardini DP, Kater CE. Síndrome dos ovários policísticos, síndrome metabólica, risco cardiovascular e o papel dos agentes sensibilizadores da insulina. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 50, n. 2, p. 281–290, 2006. Disponível através do link: https://www.scielo.br/j/abem/a/Zh9sh4x7BJkqdbfbFHtffYj/?lang=pt . Acesso em: 04 ago. 2024.
[4] Heidemann LA, Procianoy RS, Silveira RC. Prevalence of metabolic syndrome-like in the follow-up of very low birth weight preterm infants and associated factors. Jornal de Pediatria. v. 95, n. 3, p. 291–297, 2019.
[5] Alves B. Síndrome metabólica. Biblioteca Virtual em Saúde MS. 2017. Disponível através do link: https://bvsms.saude.gov.br/sindrome-metabolica/. Acesso em: 04 ago. 2024.
[6] Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 84, p. 3–28, 2005.
[7] Weihe P, Weihrauch-Blüher S. Metabolic Syndrome in Children and Adolescents: Diagnostic Criteria, Therapeutic Options and Perspectives. Current Obesity Reports, 2019.
[8] Oliveira E da S de. Evidências de validade do questionário para avaliação do conhecimento dos pais sobre alimentação complementar do lactente (QPAC) à luz da teoria da resposta ao item. 2022. Disponível através do link: http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/68372. Acesso em: 04 ago. 2024.