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Em foco:

Centro Brasileiro de Pesquisa Físicas

Giovanna Caixeta de Lima, Júlia Maffra Neder

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Graduandas do curso de Medicina (UFSJ-CCO)

v.2, n.8, 2024
Agosto de 2024

O Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) (Figura 1) foi fundado em 1949, na cidade do Rio de Janeiro, em um contexto histórico no qual a ciência era considerada essencial para o desenvolvimento nacional. Entre os fundadores do CBPF destaca-se o físico César Lattes, co-descobridor do méson pi, uma partícula atômica (partícula que faz parte da composição de um átomo) nova: o que lhe rendeu sete indicações ao Prêmio Nobel de Física. A importância de Lattes para a área das ciências foi tão significativa que seus feitos foram utilizados politicamente no Brasil para promover a pesquisa científica [1,2]. 

Atualmente, o Centro é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e consiste em um instituto de excelência internacional na área da física, cujo objetivo é realizar pesquisa básica em física e desenvolver suas aplicações [1].

Para cumprir essa missão o CBPF realiza atividades de pesquisa e pós-graduação na área científica, tendo a primeira dissertação de mestrado do país sido defendida no Centro em 1965 [1]. Esse incentivo à pesquisa nos centros de ensino secundário, inicialmente, colocou o instituto em rota de colisão com professores mais tradicionais, que consideravam a formação de profissionais e de professores para o ensino básico como a principal função da universidade. Apesar dos atritos, essa discordância foi essencial para a implantação de um ambiente de pesquisa na universidade, promovendo a formação de novos pesquisadores, a criação de programas de pós-graduação e a reforma do sistema universitário [3].

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Historicamente, os trabalhos e pesquisas desenvolvidas na instituição frequentemente participam de colaborações científicas internacionais, como com o Fermilab, nos EUA. A relevância global do CBPF pode ser evidenciada pelo ranking SCImago de 2013, que indicou que os artigos publicados pelo Centro receberam aproximadamente 70% mais citações do que a média global. Em 2015, o mesmo ranking destacou o CBPF como a instituição  brasileira  que  mais  publica  trabalhos  de excelência, enfatizando sua importância como estimuladora da pesquisa científica no país [1].

 

Além da relevância acadêmica, os projetos desenvolvidos no CBPF impactam positivamente a qualidade de vida da população, incluindo o desenvolvimento de tratamentos de câncer mais eficazes e maior segurança nos transportes. Apesar disso, analisando o cenário nacional, ciência e tecnologia no Brasil enfrentam desafios, com um crescimento lento na capacidade de inovação comparado à produção científica. Este problema se deve, dentre outros fatores, à baixa integração da pesquisa acadêmica com o setor produtivo, existindo um hiato entre a geração de conhecimento e a inovação tecnológica [1]. Estudos mostram que, apesar das universidades realizarem a maioria das pesquisas, estas não estão fortemente ligadas aos eixos da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que visa solucionar grandes desafios sociais, ambientais e econômicos e promover o desenvolvimento sustentável, de acordo com as necessidades do país [4,5]. Instituições como o CBPF (Figura 2) podem desempenhar um papel crucial nesse contexto através de iniciativas como o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) Rio, que busca fomentar interações entre entidades públicas e privadas e unidades de pesquisa, trazendo soluções para diversos desafios da sociedade [6]. 

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Nesse sentido, tendo como pilares o aperfeiçoamento e o desenvolvimento da atividade científica, o CBPF é pautado em valores e princípios éticos com o intuito não só de aprimorar a prática acadêmica e a pesquisa, mas também  de incentivar a adesão e o progresso dessas atividades. Dessa forma, o desenvolvimento científico e tecnológico tem como foco a inclusão social e produtiva, respeitando a pluralidade intelectual e incentivando novas ideias. Além disso, tem como princípios básicos o rigor metodológico e a excelência das pesquisas, a competência científica e técnica na escolha das lideranças e a transparência na gestão e no uso de recursos. Por fim, compromete-se com a responsabilidade social de forma a alinhar as suas atividades às demandas da sociedade brasileira, o que inclui a antecipação às suas necessidades e a resposta eficaz aos desafios apresentados, mantendo elevados os padrões de ética e integridade científica [7]. 

Baseando-se nesses princípios, o CBPF delimitou, para os anos de 2017-2021, o Plano Diretor, que une os seus objetivos enquanto instituição promotora do ensino e do estudo da física no Brasil com a sua missão como instituto nacional MCTIC, centro de pesquisa e de formação  científica.  Alinhado  com  a  Estratégia  Nacional de Ciência,

Tecnologia e Inovação (ENCTI), o plano tem como finalidade fortalecer o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Informação (SNCTI) em três aspectos: expansão, consolidação e integração, assegurando-se em pilares fundamentais como a promoção da pesquisa científica básica e tecnológica, modernização e ampliação da infraestrutura de CT&I, aumento dos recursos e da inovação tecnológica das empresas. Os princípios do plano foram determinados conforme os objetivos do CBPF e expressos em programas que incluem objetivos e metas específicas [7, 8]. Logo, com essa abordagem estratégica e com a sua ampla influência e área de atuação, o CBPF reafirma e seu compromisso com a excelência científica e o desenvolvimento tecnológico do país, contribuindo, portanto, para a promoção e popularização do conhecimento de física e científico como um todo [9].

Referências Bibliográficas

[1] CBPF. Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas - CBPF. 2024. Disponível através do link: https://www.gov.br/cbpf/pt-br. Acesso em: 04 ago. 2024.

[2] Silva V. Um ideal de ciência: José Leite Lopes e a história da física no Brasil. Ciência e Sociedade, v. 6, n. 2, p. 35–47, 2019.

[3] Tolmasquim AT. O Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas durante a ditadura civil-militar: resistências e acomodações. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 46, p.1-10, 2024.

[4] Del Vechio A. Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação e a Pesquisa na Universidade Brasileira. Laplage em Revista, v. 3, n. 3, p. 133–146, 2017.

[5] MCTIC. 2018. Disponível através do link: https://antigo.mctic.gov.br/mctic/export/sites/institucional/ciencia/SEPED/Arquivos/ PlanosDeAcao/PACTI_Sumario_executivo_Web.pdf. Acesso em: 04 ago. 2024.

[6] NIT RIO. Visão geral – Nit-Rio. 2018. Disponível através do link: https://nitrio.org.br/?page_id=1422. Acesso em: 04 ago. 2024.

[7] CBPF. Missão. 2024. Disponível através do link: https://www.gov.br/cbpf/pt-br/o-cbpf/missao. Acesso em: 04 ago. 2024.

[8] CBPF. Plano Diretor. Disponível através do link: https://www.gov.br/cbpf/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/plano-diretor. Acesso em: 04 ago. 2024.

[9] MCTI. CBPF - Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. Disponível através do link: https://www.gov.br/mcti/pt-br/composicao/rede-mcti/centro-brasileiro-de-pesquisas-fisicas. Acesso em: 04 ago. 2024.

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