Entrevista:
Joaquim Maurício Duarte de Almeida
JOAQUIM MAURÍCIO DUARTE DE ALMEIDA
Joaquim de Almeida possui formação acadêmica abrangente, incluindo mestrado em Botânica pela USP, doutorado em Ciências dos Alimentos pela FCF/USP e pós-doutorado em Psicofarmacologia pela UNIFESP. Atualmente, desempenha a função de professor associado no curso de Farmácia na Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) em Divinópolis, e atua como orientador no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, orientando mestrandos e doutorandos.
Tem experiência em produtos do metabolismo secundário vegetal, com foco na identificação, purificação e quantificação de compostos fenólicos e canabinóides. Seus projetos de inovação incluem o cultivo in vitro de espécies para obtenção de canabinóides. Além disso, desenvolveu projetos relacionados a estudos de plantas medicinais com efeitos psicofarmacológicos e iniciativas de extensão para alunos de ensino médio da rede pública.
Ana Letícia B. Breancini¹, Camille P. Mansur², Iara Cecília Silveira Castro¹, Leticia Cerqueira¹, Liliam Santos Neves³
¹Graduandas do curso de Farmácia (UFSJ-CCO)
² Graduanda do curso de Bioquímica (UFSJ-CCO)
³Graduanda do curso de Medicina (UFSJ-CCO)
v.2, n.6, 2024
Junho de 2024
Joaquim de Almeida, além de ser professor e pesquisador como acima mencionado, no período de 2017 a 2019, coordenou o curso de Farmácia na UFSJ e liderou o grupo responsável pela elaboração do novo Projeto Pedagógico do Curso (PPC). Participa ativamente como membro do colegiado do PPGBiotec, da Câmara de Gestão e do grupo de Coordenação da Central Analítica do CCO/UFSJ.
Natural de Diadema-SP, relata que sua inclinação pela ciência teve início durante o ensino médio, influenciado pela prática de experimentos de biologia e química conduzidos por sua professora. Seu interesse se intensificou mais tarde, quando um casal de farmacêuticos formados na USP de Ribeirão Preto inaugurou uma farmácia de manipulação em sua cidade. Com cerca de 15 anos, Joaquim buscou informações sobre os caminhos para ingressar na profissão.
Na época da faculdade, identificou seu interesse pela pesquisa. Foi durante um estágio de homeopatia que conheceu sua futura esposa, com quem iniciou um relacionamento. Juntos, decidiram seguir o sonho dela de estabelecer uma farmácia homeopática. Enquanto ela optou por cursar Biologia, Joaquim escolheu realizar mestrado, evitando a área da farmácia por considerar que o estudo de plantas medicinais estava em um estágio menos avançado naquele momento.
Desde sua infância, Joaquim foi influenciado pela predileção de sua mãe por plantas medicinais. Sua curiosidade natural era evidente, especialmente em relação a características como cheiro e sabor amargo. Ao longo de sua vida, manteve-se constantemente curioso, percebendo a ciência como um meio para responder a suas indagações.
O fator decisivo na escolha de Almeida pela carreira científica foi sua preferência por ser pesquisador, não almejando inicialmente tornar-se professor. A opção pelo ensino surgiu em decorrência da escassez de instituições de pesquisa no Brasil.
Sua principal motivação para continuar trabalhando com ciência no Brasil é enxergar a atividade como um emprego que aprecia. Atualmente, orienta oito alunos de Iniciação Científica (IC), três de mestrado e cinco de doutorado. Ele abraça as ideias dos alunos e proporciona oportunidades para que possam responder a perguntas por meio de suas pesquisas.
Entretanto, Joaquim enfrenta desafios, principalmente no que diz respeito ao reconhecimento e prestígio. Sua localização no interior do país dificulta o acesso a recursos, mesmo sendo inovador em suas abordagens. As barreiras burocráticas e a resistência a novos enfoques são obstáculos enfrentados.
Para aqueles que desejam seguir a carreira científica, Joaquim destaca que os estudantes já estão no caminho certo, especialmente ao se envolverem em projetos de Iniciação Científica (IC).