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Própolis: Cura em Diferentes Cores

Flávia Cristina Policarpo Tonelli

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Membro do corpo editorial do "À Luz da Ciência" 

v.3, n.4, 2025

Abril de 2025

O extrato alcoólico ou aquoso de própolis tem estado presente há séculos em diversas civilizações e ainda se faz presente no cotidiano de vários brasileiros devido aos seus efeitos imunomoduladores (atuando na melhora da defesa do corpo contra bactérias, vírus etc.), mas poucos sabem sobre a ampla diversidade de suas propriedades terapêuticas para melhora da saúde humana [1].

Trata-se de uma substância gomosa, resinosa, proveniente de espécies vegetais (Figura 1) e produzida por abelhas. Estas coletam material vegetal e, na colmeia, misturam ao pólen, à cera e às secreções salivares. Neste ambiente, de produção a própolis desempenha importantes funções como antimicrobiana (combatendo bactérias), agindo na proteção contra predadores e contribuindo para a manutenção da temperatura da colmeia [1].

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Figura 1: Própolis bruta.

Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Propolis_1.JPG

Há vários tipos de própolis, tais como própolis marrom, poplar, vermelha, amarela, verde e geoprópolis. Estas diferem-se em coloração, e esta diferença se dá, principalmente, pela diferença na composição das substâncias presentes no material. Várias matérias primas podem ser usadas para a sua confecção. A própolis marrom, por exemplo, pode ser formada a partir das espécies: Eucalyptus spp (eucalipto), Pinus spp. (pinheiro), Hyptisdivaricata (hortelã do mato), Araucaria angustifolia (araucária), e Baccharis dracunculifolia (alecrim do campo) [2]. Já a própolis vermelha tem como origem principal a espécie Dalbergia ecastaphyllum (marmeleiro da mata) [3]. A poplar própolis é originada a partir de Populus nigra (álamo) [4]. A própolis verde, a partir de Baccharis dracunculifolia (alecrim do campo) [3].

Considerando-se que cada espécie vegetal é mais comum em determinada região mundial, cada tipo de própolis é encontrado em uma área diferente do planeta. Assim, a própolis marrom é mais comumente encontrada no Brasil e na Romênia [2], enquanto a poplar própolis é normalmente encontrada na América do Norte, Ásia e Europa [5], e a própolis verde é bastante comum no Brasil [6].  

As atividades biológicas da própolis se devem à sua rica composição química: moléculas ditas flavonóides, açúcares, terpenóides, ácidos clorogênicos etc. Assim, cada tipo de própolis apresenta uma atividade diferente em testes in vitro (em laboratório). A própolis marrom, por exemplo, apresentou atividades antiparasitária (capacidade de combater parasitos), antifúngica (capacidade de combater fungos), antiviral (capacidade de combater vírus) e antibacteriana (capacidade de combater bactérias como Staphylococcus aureus, causadora, por exemplo, de alguns tipos de pneumonia) [2]. Já a própolis vermelha exibiu atividades anti-inflamatória (combate às inflamações) [7], antioxidante (protetora de células), antitumoral (combate ao câncer), antiparasitária (contra parasitos como Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas) [3], e antimicrobiana (combate a bactérias como Escherichia coli, causadora de doenças intestinais) [8]. Poplar própolis também apresentou atividade antioxidante e antigenotóxico (protetor do material genético DNA presente no núcleo de nossas células) [9], antimicrobiana e anti-inflamatória [10].

A própolis verde é uma das mais comuns na região Sudeste do Brasil. Ela apresenta atividade antioxidante e imunoestimulante (capacidade de estimular as defesas do corpo) [11], antiparasitária [12], anti-inflamatória e anticarcinogênica (capacidade de reduzir o aparecimento de tumores) [13], antimicrobiana [14], cicatrizante (capacidade de curar feridas) [15], antidiabetogênica (capacidade de combater o diabetes) [16], e antiviral [17].

Muito estudo ainda é necessário para determinar quais substâncias nos extratos de própolis de diversas cores são as responsáveis diretas por cada atividade biológica observada nos testes, e qual a dose a ser empregada para tratamentos. Também é necessário o estudo detalhado de possíveis reações adversas  dentre outros aspectos. Porém, não se pode ignorar o quão promissores são tais resultados, indicando uma possibilidade de novos tratamentos para diversas doenças.

Referências Bibliográficas

[1] Lourenco VO, et al. The Allelopathic Potential of Green Propolis. In: Allelopathy: Bioactive Secondary Metabolites for an Eco-Friendly Agriculture; Tonelli, F.M.P.; Mushtaq,W.; Roy, A.; Ozturk, M.; Tonelli, F.C.P.; Hakeem, K.R., Ed., Apple Academic Press: New York, NY, 2024, p. 57-69.

[2] Vică ML, et al. Phyto-Inhibitory and Antimicrobial Activity of Brown Propolis from Romania. Antibiotics, v. 12, n. 6, 1015, 2023.

[3] Silva RPD, et al. Antioxidant, antimicrobial, antiparasitic, and cytotoxic properties of various Brazilian propolis extracts. PLoS One, v. 12, e0172585, 2017

[4] Miłek, M. et al.The effect of extraction conditions on the chemical profile of obtained raw poplar propolis extract. Chemical Papers, v. 78, p. 6709-6720, 2024.

[5] Ristivojevića P, et al. Poplar-type Propolis: Chemical Composition, Botanical Origin and Biological Activity. Natural Product Communications, v. 10, n. 11, p. 1869-1876, 2015.

[6] Salatino A, et al. Scientific note: often quoted, but not factual data about propolis composition. Apidologie, v. 52, p. 312–314, 2021.

[7] Machado BAS, et al. Chemical composition and biological activity of extracts obtained by supercritical extraction and ethanolic extraction of brown, green and red propolis derived from different geographic regions in Brazil. PLoS One, v. 11, p. 1-26, 2016.

[8] Silva TdeS, et al. Green and Red Brazilian Propolis: Antimicrobial Potential and Anti-Virulence against ATCC and Clinically Isolated Multidrug-Resistant Bacteria. Chem Biodivers., v. 18, n. 8, e2100307, 2021.

[9] Acito M, et al. A novel black poplar propolis extract with promising health-promoting properties: focus on its chemical composition, antioxidant, anti-inflammatory, and anti-genotoxic activities. Food Funct., v. 15, n. 9, p. 4983-4999, 2024.

[10] Governa P, et al. Beyond the Biological Effect of a Chemically Characterized Poplar Propolis: Antibacterial and Antiviral Activity and Comparison with Flurbiprofen in Cytokines Release by LPS-Stimulated Human Mononuclear Cells. Biomedicines, v. 7, n. 4, 73, 2019.

[11] De Carvalho GJL, et al. Application of propolis in agriculture. Arq. Inst. Biol., v. 88, p. 1-12, 2021.

[12] Da Silva SS, et al. Brazilian propolis antileishmanial and immunomodulatory effects. Evid Based Complement Alternat Med., v. 2013, 673058, 2013.

[13] Salgueiro FB, et al. Comparação entre a composição química e capacidade antioxidante de diferentes extratos de própolis verde. Química Nova, v. 39, n. 10, p. 1192-1199, 2016.

[14] Wolska K, et al. The activity of propolis against pathogenic fungi isolated from human infections. Braz. J. Pharm. Sci., v. 59, e19978, 2023.

[15] Siheri W, et al. In: Bee Products; Chemical Biological Properties; Alvarez-Suarez, J.M., Ed.; Springer: Amsterdam, 2017; Disponível através do link: https://doi.org/10.1007/978-3-319-59689-1_7

[16] Kitamura H, et al. Beneficial effects of Brazilian propolis on type 2 diabetes in ob/ob mice: possible involvement of immune cells in mesenteric adipose tissue. Adipocytes, v. 2, p. 227–236, 2013.

[17] Fiorini AC, et al. Antiviral activity of Brazilian Green Propolis extract against SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome - Coronavirus 2) infection: case report and review. Clinics v. 76, e2357, 2021.

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