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Métodos contraceptivos: a bioquímica por trás do corpo feminino

Ester Souza de Faria¹, Geovana de Souza Rodrigues¹, Ana Luiza Menezes Barbosa¹, Ana Elisa do Amaral Souza², Bruna Aparecida Vieira Mathias¹, Izabelle Catarine Gonçalves Maia¹, Maria Eduarda de Oliveira Lima¹


¹ Graduandos do curso de Bioquímica (UFSJ-CCO)

² Graduandos do curso de Farmácia (UFSJ-CCO)

v.3, n.7, 2025

Julho de 2025

Os meios de contracepção dizem respeito aos métodos utilizados para prevenir a gravidez, no ato ou após relação sexual. São exemplos: preservativo (camisinha), pílula anticoncepcional, dispositivo intrauterino (DIU), implantes hormonais, injeções anticoncepcionais, tabelinha, laqueadura ou vasectomia. As pílulas e injeções anticoncepcionais estão sendo cada vez mais adotadas pelas mulheres brasileiras e estão disponíveis de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil. Sendo assim, por meio de dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, o jornal CNN Brasil realizou um levantamento de informações no qual foi revelado que, em 2024, o SUS entregou à população mais de 22 milhões de contraceptivos. Dentre os meios de contracepção existentes e disponibilizados, o mais solicitado pelas brasileiras são os de uso oral (Figura 1), seguindo pelo método injetável mensal [1]. Ambos os meios, orais ou injetáveis, são geralmente constituídos por hormônios combinados, o Estrogênio e a Progesterona, ambos em sua forma sintética [2]; no entanto, em algumas pílulas apenas a Progesterona está presente. O método contraceptivo hormonal utilizado corretamente possui eficiência de 99% em seu objetivo de previnir a gestação; apresenta alguns efeitos colaterais porém, também traz benefícios para a saúde menstrual [3].

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Alguns dos hormônios femininos da classe esteroides, como a Progesterona e o Estrogênio, têm como função o desenvolvimento do endométrio [4] - tecido que recobre o útero internamente. Na adolescência, no período da puberdade na mulher, os óvulos passam por um processo de amadurecimento no qual passam a ser liberados mensalmente para serem fecundados. O nome desse processo é ovulação, e é controlado por hormônios: o folículo-estimulante (FSH) e o luteinizante (LH) [5]. Além de regularem o ciclo de ovulação/reprodução, os hormônios FSH e LH também influenciam no desenvolvimento e amadurecimento geral das características sexuais secundárias como: crescimento de pelos pubianos, crescimento das mamas, menstruação, o comportamento sexual e diversas funções reprodutivas e não reprodutivas no organismo feminino [4].

 

Com o início da puberdade e até mesmo da vida sexual ativa, as mulheres optam por fazer uso de meios contraceptivos sendo orais ou injetáveis, contendo, como mencionado, versões sintéticas de Estrogênio e Progesterona. Tais medicamentos combinando estes hormônios são eficientes na ação, inibindo o processo de ovulação. Após a administração deste medicamento, a combinação hormonal inibe a produção dos outros dois hormônios (FSH e LH), impedindo o desenvolvimento e a maturação dos óvulos [5]. 

Ao iniciar o uso de meios contraceptivos orais existe um período de latência, ou seja, um tempo necessário para que o medicamento comece a exercer sua ação de forma eficaz. Embora a ação dos hormônios sintéticos presentes na contracepção seja rápida, são necessários aproximadamente 7 dias de uso contínuo para que eles consigam inibir desenvolvimento/maturação efetivos dos óvulos. As pílulas também são responsáveis pelo espessamento da camada interna do útero, o que dificulta a passagem do espermatozóide (e consequentemente a fecundação) e torna o meio mais difícil para implantação de possível embrião produto de fecundação [6].

Sendo assim, o uso de anticoncepcionais orais de forma correta, orientada pelo médico(a) ginecologista, mostra-se altamente eficaz na prevenção da gravidez: o que evita que se tenha que fazer uso de pílulas de emergências (comumente chamadas de “pílulas do dia seguinte”) para evitar uma gestação indesejada. Na verdade, a "pílula do dia seguinte" é um método contraceptivo recomendado apenas em momentos pontuais: como no caso em que não se faça o uso contínuo de pílulas anticoncepcionais, por exemplo, e ocorra o rompimento de preservativo durante a prática sexual. O uso recorrente de "pílulas do dia seguinte" pode causar carga hormonal excessiva no organismo, aumentando risco à saúde e efeitos adversos (como por exemplo a alteração de todo o ciclo menstrual, náuseas, e dores de cabeça) [7]. 

Além disso, as pílulas anticoncepcionais diárias possuem benefícios à saúde como a redução de risco de desenvolvimento de câncer de endométrio e de ovário, diminuição do fluxo menstrual e alívio ou até mesmo redução de cólicas menstruais. Porém, possui alguns efeitos colaterais como, por exemplo, ganho de peso, dor de cabeça, seios doloridos, irregularidade na menstruação, alteração de humor, náuseas e diminuição da líbido (ou seja, menos desejo sexual). Estes sintomas podem aparecer por pelo menos três meses, mas se persistirem, o médico deve ser consultado e a troca do medicamento realizada [3]. 

Dessa forma, o uso dos métodos contraceptivos de forma correta e orientada pelo médico responsável (ginecologista) é essencial para trazer segurança e eficácia na prevenção contra gravidez. Vale ressaltar que nenhuma pílula ou injeção contraceptiva previne Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs); apenas com o uso de camisinha previne-se estas ISTs. E ressalta-se que caso ocorra exposição, é preciso ir a uma unidade de saúde o mais rápido possível, para melhor orientação à prevenção destas.

Referências Bibliográficas

[1] Souza B. SUS distribui mais de 22 milhões de contraceptivos em 2024. CNN Brasil, 2024. Disponível através do link: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/sus-distribuiu-mais-de-22-milhoes-de-contraceptivos-em-2024/. Acesso em: 08 jul. 2025.

[2] Cooper DB, Patel P. Oral contraceptive pills. 2025. Disponível através do link: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK430882/. Acesso em: 08 jul. 2025.

[3] Pfizer. Conheça os métodos contraceptivos hormonais. Disponível através do link: https://www.pfizer.com.br/sua-saude/mulher/metodos-contraceptivos-hormonais. Acesso em: 08 jul. 2025.

[4] Ferreira MJ, Silva AP. Regulação hormonal dos sistemas reprodutores. Revista de Ciência Elementar, v. 3, n. 2, p. 1-5, 2015. Disponível através do link: https://rce.casadasciencias.org/rceapp/art/2015/166/. Acesso em: 08 jul. 2025.

[5] Freitas GBL. Saúde da mulher. 1. ed. v. 2. São Paulo: Editora Pasteur, 2025. Livro digital. Disponível através do link: https://editorapasteur.com.br/ebook/saude-da-mulher-2/. Acesso em: 08 jul. 2025.

[6] Murakami HAG. Métodos contraceptivos – um panorama sobre o acesso e utilização pelas mulheres no Sistema Único de Saúde. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, 2021. Disponível através do link: https://bdta.abcd.usp.br/directbitstream/e784d6ab-b0be-4ce9-90e6-bfca72231050/3069781.pdf. Acesso em: 08 jul. 2025.

[7] Brasil - Ministério da Saúde. 2011. Anticoncepção de emergência – perguntas e respostas para profissionais de saúde. 2. ed. Brasília, DF. Disponível através do link: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/anticoncepcao_emergencia_perguntas_respostas_2ed.pdf. Acesso em: 08 jul. 2025.

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