
Entrevista:
Helon Guimarães Cordeiro

HELON GUIMARÃES CORDEIRO
Divinopolitano, o professor é graduado em Bioquímica (2016) pela Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ). É ainda mestre e doutor em em Biologia Funcional e Molecular pela Universidade de Campinas (UNICAMP). Durante o doutorado realizou estágio no Erasmus Medical Center, sob a supervisão de Gwenny Fuhler e Maikel Peppelenbosh, onde adquiriu experiência com cultivo de organoides.
Por Fernanda Maria Policarpo Tonelli¹, Naony Sousa Costa Martins²
¹Editora chefe do "À Luz da Ciência"
²Editora do "À Luz da Ciência"
v.3, n.3, 2025
Março de 2025
Quando percebeu que possuía interesse por ciência?
Meu interesse pela ciência surgiu quando assistia às reportagens do globo repórter e me interessava pelos assuntos como a busca de soluções para determinadas doenças. Dentro de mim, essas reportagens e documentários despertavam o meu interesse e logo pensava, tenho vontade de atuar na fronteira do conhecimento. Também quando assisti um filme chamado “O Óleo de Lourenzo”, esse desejo foi despertado porque fiquei entusiasmado com a aquisição de conhecimento do pai do Lourenzo para buscar soluções para a doença do filho, a Adrenoleucodistrofia.
Teve dúvidas para escolher o curso?
Sim, tive dúvidas. Quando estava no ensino médio tinha uma paixão pela química, então tive dúvidas ao escolher cursos que envolvia química como Engenharia Química ou Bioquímica.
O que considera ter sido decisivo em sua escolha por seguir a carreira científica?
Quando eu estava na graduação em Bioquímica, eu era entusiasmado com as aulas de Bioquímica Celular, nas quais estudava as vias de sinalização celular. Quando tive a oportunidade de trabalhar com essa área no laboratório Oncobiomarkers da Unicamp, eu me encontrei profissionalmente.
Por qual razão optou por dedicar-se à área de estudo na qual realiza suas pesquisas?
Pelo fato de a área de estudos sobre câncer ser algo que me motiva a estudar e também porque alguns familiares faleceram de câncer. Além disso, os dados epidemiológicos do INCA e GLOBOCAN apontam para alta taxa de incidência e mortalidade de diversos tipos de câncer. Sendo assim, tive um forte interesse em trabalhar nessa área para tentar contribuir devido à relevância pública e social dos estudos desenvolvidos sobre a temática, em especial nesta área em que a população sofre tanto.
Qual a principal motivação para seguir trabalhando com ciência no Brasil?
O Brasil só atingirá o desenvolvimento econômico pleno com o desenvolvimento científico-tecnológico. Então temos que acreditar que o nosso trabalho, mesmo que a longo prazo, contribuirá com o desenvolvimento do nosso país para as futuras gerações.
Qual a principal dificuldade que enfrenta trabalhando com ciência no Brasil?
Em minha opinião os maiores desafios são os baixos investimentos e a grande onda de desinformação do país, nos últimos tempos, especialmente quanto à ciência. Para fazer ciência precisa-se de investimento alto, principalmente dinheiro público, e com essa onda de desinformação nós não temos o apoio da população para obter esses investimentos públicos.
O que gostaria de dizer para quem deseja seguir a carreira científica?
Embora haja muitos desafios a serem enfrentados, eu diria para ser resiliente pois quando publicamos um trabalho e vemos que algo do nosso trabalho teve repercussão social, isso nos move.