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Entrevista:
Amanda Bruno da Silva Bellini Ramos

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AMANDA BRUNO DA SILVA BELLINI RAMOS

Amanda é biomédica, parasitologista e analista clínica, mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal). Atualmente, é doutoranda em Parasitologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Suas áreas de interesse são parasitologia, entomologia e microbiologia. Já trabalhou com epidemiologia da Doença de Chagas, padronização de método de testagem in vivo e drug discovery para toxoplasmose crônica e aguda e, atualmente, trabalha com fisiologia intestinal de flebotomíneos, com foco em geração de modelo entomológico para uso em desafios vacinais.

Ana Luisa de Moura e Silva¹, Jéssica Thaianny Ferreira Souza², Laís Leandra Rodrigues de Moura², Letícia Gabriela Rocha Cunha², Milene Kamela da Silva Alves² 

¹Graduanda do curso de Enfermagem (UFSJ CCO)

²Graduandas do curso de Farmácia (UFSJ CCO)

v.2, n.11, 2024
Novembro de 2024

​Quando percebeu que possuía interesse por ciência?

Não sei dizer um momento específico em que essa ideia tenha “surgido” na minha mente. Acho que sempre tive interesse - inicialmente, como algo estranho e divertido (besouros que se juntavam aos fins de ano, uma enciclopédia de Parasitologia que havia sido da minha mãe), e, depois, gradualmente, como profissão. Não cheguei a “perceber” que eu tinha esse interesse, ele nasceu comigo e se tornou uma escolha.

Teve dúvidas ao realizar a escolha do curso de graduação?

Eu me formei biomédica, e, durante um tempo da minha vida, eu não sabia da existência do curso. Meu interesse por biologia básica contextualizada na área da saúde me fez pensar entre cursos dessa área, e, até eu descobrir que eu queria trabalhar com pesquisa e não com serviços diretos de saúde, tive dúvidas entre diversos cursos. Decidi por biomedicina no mesmo dia que fiquei sabendo da existência do curso!

O que considera ter sido decisivo em sua escolha por seguir a carreira científica?

Acredito que a oportunidade de trabalhar com ciência. Muitas vezes, pelo menos foi o que aconteceu comigo, não sabemos que existe essa possibilidade. O trabalho com pesquisa é muito pouco divulgado fora da academia, então, oportunidades de conhecer são essenciais.

Por qual razão optou por dedicar-se à área de estudo na qual realiza suas pesquisas?

Principalmente por ser uma área interdisciplinar que abriga o estudo de uma relação ecológica tão interessante. Na parasitologia, consigo trabalhar com quase todos os meus interesses específicos (insetos, evolução, interações entre espécies, fisiologia, etc). Além disso, acredito que o conhecimento sobre doenças que ocorrem naturalmente em regiões tropicais é essencial e necessário para todos que vivem nela.

Qual a principal motivação para seguir trabalhando com ciência no Brasil?

Minha motivação para pesquisar no Brasil é justamente o fato de que estudo algo que ocorre no Brasil e afeta diretamente a vida das pessoas daqui. Apesar disso, é uma área negligenciada e muito pouco discutida. Dessa forma, não faz sentido, no meu ponto de vista, estudar o que estudo fora daqui.

 

Qual a principal dificuldade que enfrenta trabalhando com ciência no Brasil?

Como eu já comentei em outras respostas, a ciência no Brasil é extremamente negligenciada. Eu, como alguém que trabalha diretamente com uma porção negligenciada dentro da ciência, sei muito bem o que é trabalhar sem recursos, dar aulas com materiais vencidos (no ano em que nasci!), utilizar equipamentos interditados que ofereciam risco a quem manuseasse, passar por quedas de energia que ameaçavam a integridade do (pouco) que tínhamos no laboratório... A lista é extensa! Além disso, mas pelo mesmo motivo, o cientista é constantemente descredibilizado e desvalorizado.

 

O que gostaria de dizer para quem deseja seguir a carreira científica?

Nesse momento em que me encontro, penso muito em uma frase que ouvi em uma palestra, durante o mestrado. “O cientista trabalha nas fronteiras do conhecimento”. Parece óbvio, mas se trata de um real empecilho para quem trabalha com modelos empíricos e análises estatísticas tão justas. Mesmo trabalhando com lógica, tome riscos. Não existe ciência sem desafio à lógica.

 

Você pode descrever algum momento específico em que o uso de animais em suas pesquisas teve um impacto emocional significativo em você?

Trabalhar com animais têm um impacto emocional significativo em mim desde que comecei. Não vejo nenhuma forma de vida como “mais importante”, ou sequer “mais útil” ou “mais racional”. Então, encontrar desculpas para o que eu fazia/faço nunca foi eficiente, e tenho que encarar constantemente o peso dos meus atos - isso e conseguir não demonstrar nenhuma alteração emocional na frente dos meus animais de laboratório!

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