Ômega 3: Promovendo Bem-Estar Emocional e Qualidade de Vida
Marcos S.P. de Carvalho, Jicaury Roberta Pereira da Silva, Sabrina Paula Pereira
Pós-graduandos do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (UFSJ-CCO)
v.3, n.1, 2025
Janeiro de 2025
O ômega-3 é um tipo de ácido graxo poliinsaturado (ou seja, um tipo de gordura que possui mais de uma ligação dupla entre os átomos de carbono em sua cadeia essencial - Figura 1) que desempenha papéis importantes na saúde humana. É um tipo de “gordura boa” da qual o corpo precisa, mas não consegue produzir completamente por conta própria. Logo, é adquirida através da alimentação a base de sementes, oleaginosas, óleos vegetais, folhas verdes escuras, no fígado de peixes brancos como bacalhau e linguado, no corpo de peixes gordurosos, como salmão, sardinha e cavala, como também na gordura de mamíferos marinhos, como focas e baleias [1] ou através de versões sintetizadas [2].
Figura 1: Exemplos de moléculas de ômega 3.
O ômega-3 é constituído principalmente por ácido eicosapentaenóico (EPA), um precursor de moléculas sinalizadoras chamadas eicosanoides (são moléculas sinalizadoras derivadas de ácidos graxos poliinsaturados. que desempenham um papel importante na regulação de várias funções fisiológicas, como inflamação, resposta imune, pressão arterial e coagulação sanguínea) [12], e ácido docosahexaenóico (DHA) (um componente crucial das membranas celulares no cérebro, retina e sistema nervoso central, com propriedade neuroprotetora e papel importante na saúde ocular). O DHA e o EPA são claramente indicados nos rótulos de ômega 3, com suas respectivas dosagens [3]; no entanto, substâncias como ácido linolênico (ALA) também fazem parte do grupo de moléculas assim classificadas.
Desde 1940, o ômega 3 tem sido indicado na prevenção a doenças do coração (cardiopatias) [4], devido a ação do EPA nos processos inflamatórios, inclusive aqueles causados pela obesidade, além de estar relacionado à diminuição das taxas de gordura abdominal [5]. E atualmente, com o uso de biomarcadores específicos, observou-se que o DHA ajuda a reduzir o estresse oxidativo em células do cérebro, ajudando a mantê-las saudáveis [3,5].
Estresse oxidativo é um fenômeno que se relaciona à produção de radicais livres [6]. Quando ocorre um desequilíbrio entre a produção destes e a capacidade das células de neutralizá-los com antioxidantes, gera-se então um estresse oxidativo [7]. O fígado e os rins são órgãos vitais para a detoxificação endógena, eliminando substâncias nocivas do organismo [8]. Apesar disso, as dietas detox têm sido promovidas como uma estratégia adicional para a desintoxicação [9]. Ademais, diversos estudos reportaram ao longo dos anos os benefícios da ingestão de ômega 3 quanto ao seu potencial de desintoxicação celular, como também sua ação no retardo do envelhecimento celular [7-10]. Além disso, devido a ação neuroprotetora do DHA, a ingestão de ômega 3 vem sendo relacionada a melhora em quadros de estresse psicológico e depressão, quando ingeridas cápsulas de ômega 3 (Figura 2) antes de dormir [11-13].
O termo "depressão inflamatória" refere-se a um estado em que processos inflamatórios no corpo contribuem para sintomas de depressão [13-14]. Estudos revelam que quadros de inflamação crônica podem afetar neurotransmissores (que são substâncias químicas que permitem a comunicação entre os neurônios (células nervosas) no cérebro e em todo o corpo). Eles são liberados por um neurônio e se ligam a receptores em outro, transmitindo informações de uma célula para outra e circuitos cerebrais, levando a alterações de humor e comportamento.
Figura 2: Cápsulas de ômega 3.
Fonte: Acervo dos autores
A depressão é um transtorno mental caracterizado por um estado persistente de tristeza, perda de interesse em atividades que anteriormente eram prazerosas, alterações no apetite e no sono, e uma sensação geral de cansaço e falta de energia [14]. Ela pode afetar a capacidade de uma pessoa de funcionar no dia a dia e, em casos graves, pode levar ao suicídio [15]. A depressão pode ser causada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos [16].
Pacientes com quadro depressivos são normalmente tratados com medicamentos como por exemplo o Escitalopram, que pertence à classe terapêutica dos “inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS)”e é usado principalmente para tratar depressão e transtornos de ansiedade, atuando ao aumentar os níveis de serotonina no cérebro, o que ajuda a melhorar o humor e reduzir sintomas de ansiedade. Porém tais medicações levam muitas semanas para agir no organismo [17] e podem gerar dependência psicológica.
Já o ômega 3 embora ainda não tenha o mecanismo de ação totalmente elucidado, além de anti-inflamatório vem sendo utilizado como alternativa eficiente no tratamento da depressão [18]. Mostrou-se eficaz na reversão de quadros clínicos de declínio cognitivo, como a dificuldade de processar informações vindas dos meios de comunicação e falhas de memória, via mecanismos anti-inflamatórios [19]. O ômega 3 também age melhorando a fadiga e a dificuldade de dormir [20]. Adicionalmente age diminuindo a apoptose (morte) de neurônios e atua facilitando a formação de novos [20-21]. O protagonismo destes ácidos graxos poliinsaturados fica evidente no tratamento terapêutico da depressão, como também seu papel fundamental no desenvolvimento cerebral de crianças [21].
Pesquisas recentes revelam também o efeito da ingestão de ômega 3 na ansiedade. Apesar de se observar resultados positivos sobre os sintomas, estudos adicionais precisam ser realizados para que se obtenham resultados mais conclusivos a respeito da sua eficácia [22]. Para adultos geralmente é recomendado o uso de 4 cápsulas de ômega 3, com DHA 360mg [11]; já para crianças é recomendado 2 cápsulas de ômega 3, com DHA 360mg [24]. Até o momento não foram relatados efeitos colaterais alarmantes quanto ao uso de ômega 3 [25].
Uma dúvida frequente entre os usuários é: como posso saber se comprei ômega 3 de boa qualidade? Um teste muito simples pode ser feito para confirmar a qualidade do produto. Pode-se colocar uma cápsula no freezer por 24 horas; após esse período, se ela congelar você foi enganado. Por ser um óleo, o ômega 3 não congela [26, 27].
Referências Bibliográficas
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