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Entrevista:
Simone Martins Mendes

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SIMONE MARTINS MENDES

Graduada em Engenharia Agronômica, com Mestrado e Doutorado em Entomologia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), é atualmente pesquisadora na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Destaca-se em pesquisas com milho e sorgo, e atua em programas de controle de pragas. Sua área de interesse é a Biotecnologia Vegetal, mais especificamente os mecanismos de resistência de plantas.

Ana Elisa do Amaral Souza¹, Ana Luiza Menezes Barbosa², Bruna Aparecida Vieira Mathias², Ester Souza de Faria², Geovana de Souza Rodrigues², Izabelle Catarine Gonçalves Maia², Maria Eduarda de Oliveira Lima² 

¹Graduanda do curso de Farmácia (UFSJ CCO)

²Graduandas do curso de Bioquímica (UFSJ/CCO)

v.3, n.10, 2025
Outubro de 2025

Quando percebeu que possuía interesse por ciência?

Na minha casa tinha uma horta muito grande. Eu criava as joaninhas e os insetos, criava dentro de vidrinhos. Desde menina, eu tinha mania de ficar pesquisando o que acontecia na horta de casa. E depois, com relação à agronomia, eu já entrei para este curso sabendo o que era, porque eu já tinha feito o curso técnico. No segundo período de curso, já fui para a área de entomologia, e isso foi meus primeiros insights dentro da ciência. O que me ajudou a escolher o curso da graduação foi o curso técnico. Sou extremamente realizada como engenheira agrônoma, mesmo sendo uma profissão mais masculina. Até para estudar eu tive que brigar muito lá em casa por eu ser mulher. Para o meu irmão era mais simples, mas para mim não. Hoje em dia não pensamos mais em não estudar, mas a mulher antes não podia escolher estudar. Era um grande desafio. Me formei, fiz mestrado e doutorado, tudo seguido. Eu sempre tive na minha cabeça que eu tinha que estudar mais, tudo por ser mulher, e eu queria ter uma postura que todos respeitassem. Como eram poucas mulheres no curso, para ter respeito eu queria estudar mais que todos os meus colegas. Eu sempre fui impulsionada pelo conhecimento; quanto mais a gente estuda, mais a gente quer estudar.

Teve dúvidas ao realizar a escolha do curso de graduação?

Tive dúvidas. Isso é normal, essa coisa dos "predestinados" é para poucos. Eu cheguei a tentar vestibular para veterinária e, felizmente, me encontrei dentro da agronomia. Sou extremamente realizada e ainda quero aprender ainda mais.

O que considera ter sido decisivo em sua escolha por seguir a carreira científica?

Foi o curso técnico que me abriu portas para enxergar o que podia fazer com o curso da agronomia. O técnico me ajudou a entender o que seria a agronomia, e depois a ciência.

Por qual razão optou por dedicar-se à área de estudos na qual realiza suas pesquisas?

Eu entrei na agronomia e comecei a fazer iniciação científica. Então na graduação já decidi que seria entomologista e cientista. Me apaixonei pelos insetos e pela pesquisa. Também sempre tive vontade de ajudar as pessoas envolvidas com agricultura no nosso país. No mestrado eu já comecei a estudar biologia de insetos, e depois que entrei na EMBRAPA, percebi que a biotecnologia é uma aliada. Então eu venho aplicando muito a biotecnologia com relação às pragas. Eu estudo a interação dos insetos com as plantas geneticamente modificadas.

Qual a principal motivação para seguir trabalhando com ciência no Brasil?

A motivação está dentro dos desafios. Todos os dias é um desafio de fazer o produtor ter sucesso, e um desafio de se produzir ciência com pouco recurso.

Qual a principal dificuldade que enfrenta trabalhando com ciência no Brasil?

A agricultura tropical é totalmente diferente de climas temperados. Fazer agricultura no Brasil não pode ser comparada com agricultura em lugares em que neva. No Brasil, agricultura tropical, podemos tirar até 3 safras em uma mesma área irrigada. Fazer agricultura em um país como o nosso é uma tarefa muito desafiadora; conseguir fazer o produtor ter um recorde de produtividade é um desafio. Então nossas soluções têm que ser nossas. Consequentemente, todos os dias nos dedicamos a entender como impedir insetos pragas no nosso país. Se não houverem estratégias eficientes, o produtor sofrerá com cada vez mais insetos pragas. As soluções para esses casos é a ciência, e uma solução desenvolvida aqui, no Brasil.

O que gostaria de dizer para quem deseja seguir a carreira científica?

Persistência! Isso vale não só para a carreira cientista. Quando falamos de carreiras mais bem sucedidas (não me considero nesse patamar), a persistência deve estar presente. Às vezes temos que bater a cabeça várias vezes e nos deparar com portas fechadas várias vezes, mas persistir para ter sucesso. A nossa carreira é movida pelas nossas realizações. Temos que ter em mente aonde queremos chegar e correr atrás.

Hoje frente a sua linha de pesquisa na Embrapa Milho e Sorgo, qual a sua perspectiva para daqui 10 anos de pesquisa, desenvolvimento e incentivo de novos pesquisadores. Daqui 10 anos, pensa que ainda vão haver pesquisadores motivados e inspirados nesta área?

Sim, porque a entomologia é um ciclo. Mas eu trabalho com os insetos pragas e eu brinco que toda vez que conseguimos resolver um problema para controlá-los (através de biotecnologia, por exemplo), achamos que está tudo tranquilo, mas não está. O inseto já desenvolve rapidamente uma anti ferramenta. Ele consegue resistir à estratégia de controle que desenvolvemos. Então, nesta área, sempre temos desafios novos e insetos resistentes; novas pragas e novas doenças. O desafio é manejar insetos com ferramentas de baixo impacto ambiental, e penso que sempre teremos tal desafio na agricultura. A gente consegue algumas ferramentas com sucesso, como por exemplo plantas transgênicas, mas esses desafios não acabam nunca. Daqui algum tempo, estaremos buscando por novas alternativas. É uma linha que só cresce e tem amplo desenvolvimento. De EMBRAPA tenho 17 anos. Quando entrei falava-se muito de controle químico; porém, hoje fala-se menos. São estratégias preferíveis as biotecnológicas, os feromônios, e o controle biológico. Enfim, falamos de estratégias ambientalmente mais corretas atualmente. E uma coisa que acho interessante é que a bioquímica não é uma área distante da entomologia. Quando entendemos a bioquímica, a biologia dos insetos, conseguimos entender mais profundamente sobre eles e, consequentemente, conseguimos combatê-los com mais eficiência. Existem bioquímicos que trabalham com formulações de produtos, por exemplo, nos ajudando a entender melhor o inseto para poder combatê-lo. Tudo está interligado!

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AUTOR CORPORATIVO DO "À LUZ DA CIÊNCIA"

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