
Brasil: O maior produtor e exportador de algodão
Enzo Pace Raizaro¹, Gabrielle Guimarães Queiroz², Helloysa Gabrielly da Silva Batista Ribeiro², Laila De Vasconcelos², Maria Clara Pedrosa Ferreira³, Maria Luiza de Paula Corrêa², Thaynara Paula Silva³, Vaneza Gomes De Brito²
¹ Graduando do curso de Medicina (UFSJ CCO)
² Graduandas do curso de Bioquímica (UFSJ CCO)
³ Graduandas do curso de Farmácia (UFSJ CCO)
v.3, n.9, 2025
Setembro de 2025
Atualmente, o Brasil tem se destacado entre os principais produtores e exportadores de algodão no mundo, se posicionando como o 4° maior produtor, atrás apenas da China, da Índia e dos Estados Unidos (Figura 1). O comércio do algodão em âmbito nacional é benéfico já que é uma planta com muitos usos que envolve desde as indústrias têxtil e química até a produção de óleos. Logo, seu cultivo é de relevância no agronegócio nacional com relação aos aspectos econômico e social [1]. Dentre os principais estados com maior produção de algodão estão Bahia e Mato Grosso, que chegaram a produzir nos anos de 2020 e 2021: 3.944,2 e 1.266,6 mil toneladas de algodão, respectivamente [2].

Figura 1: Principais exportadores mundiais de algodão (em mil toneladas) 2017/18.
Fonte: Severino L et al., 2019.
A produção de algodão no Brasil teve início antes da chegada dos portugueses, pois os índios já o exploravam como matéria-prima. Eles colhiam, fiavam, produziam tecidos feitos com as fibras de algodão, e os tingiam para produzir cobertores e redes. A produção comercial do algodão começou na região Nordeste, e, em 1760, o estado do Maranhão foi o primeiro a se destacar, exportando os primeiros sacos de algodão para a Europa. Nesta época era produzido o chamado algodão arbóreo: que apresentava como características fibras mais longas. Posteriormente em São Paulo, a produção começou a ser voltada para a obtenção do algodão de fibras mais curtas, mais amplamente aplicável que o anterior. Porém, os grandes custos de terras no Sudeste e o fato de serem prioridade na região outras produções como de cana de açúcar e soja fizeram com que a produção do algodão migrasse para o Mato Grosso [3].
Para chegar ao patamar de um dos maiores produtores e exportadores de algodão, o Brasil teve que enfrentar várias dificuldades em termos de crise e problemas na produção algodoeira [4]. Em 1980, houve um surgimento de uma praga, o bicudo-do-algodoeiro: um inseto que atacava os botões do algodoeiro e reduzia a produção. Este afetou a produção de algodão até 1990. A crise foi ainda aumentada
pela moeda sobrevalorizada, altas taxas e diminuição dos prazos para pagamentos de créditos. Como alternativa os produtores reduziram os custos e realizaram um ajuste de produção. Além disso, expandiram a produção para o Sul e Sudeste e introduziram tecnologia (como insumos químicos). Estas medidas auxiliaram na evolução da produção algodoeira no país [4].
Um dos grandes desafios no cenário atual brasileiro é o combate a pragas e doenças na produção do algodão. Mesmo com o clima tropical vantajoso para o plantio ainda encontra-se a necessidade de se implementar novas estratégias de controle e combate que não prejudiquem o meio ambiente [4]. O uso de defensivo agrícola (como um fungicida ou inseticida) para combater uma praga (como um fungo ou inseto) é um sério risco. Com o tempo, a praga pode se tornar resistente ao produto, pois os indivíduos mais fracos morrem e os mais resistentes sobrevivem e se multiplicam. Um causador de preocupação adicional é que este tempo que as espécies levam para sofrerem a seleção dos organismos resistentes no ambiente tropical, como o brasileiro, é bem menor. Logo, essa rapidez do surgimento de pragas resistentes aos defensivos e outras técnicas de combate/controle levam a um grande aumento nos custos de produção e fazem com que o sistema se torne cada vez mais complexo para o combate às pragas [4].
Uma das estratégias que o setor de produção algodoeiro aplica é a rotação de culturas: que leva ao aproveitamento melhor da terra e dos nutrientes. Esta envolve, por exemplo, alternar entre plantio de soja e algodão. A rotação de culturas trata-se de uma técnica agrícola que envolve a rotatividade planejada de diferentes espécies de plantas em uma mesma área ao longo do tempo. Essa estratégia contribui para a conservação do solo, o controle de pragas e doenças, além de aumentar a produtividade.
É também alternativa relevante o uso de outros seres vivos para combaterem as pragas: o controle biológico. No entanto, o principal desafio neste tipo de controle consiste na introdução de outras espécies em uma mesma área, sem causar desequilíbrio. Esta introdução é também complexa devido variações nas estações do ano (que podem favorecer que uma das espécies prolifere mais), obrigatoriedade de manejo com conhecimento específico sobre as espécies, o custo (que pode se tornar elevado), dentre outros fatores ainda desafiadores [4].
Portanto, a produção do algodão é de suma importância para o agronegócio brasileiro e para o mercado externo. Apesar dos desafios para o controle de pragas, o país segue buscando estratégias para amenizar este problema. A aplicação de rotação de culturas é uma das alternativas aplicadas visando-se a tornar o Brasil ainda mais importante no mercado mundial de algodão.
Referências Bibliográficas
[1] BRASIL - Agência Brasileira de Cooperação. 2022. Panorama do setor algodoeiro na África e no Brasil. Disponível através do link: https://www.gov.br/abc/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/documentos/Volume1_PT_PROVA3_24jan2022.pdf. Acesso em: 07 set. 2025.
[2] Silva FA et al. 2023. Normas voluntárias de sustentabilidade (NVS) e implicações sobre as exportações de produtos do agronegócio: algodão. Disponível através do link: https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/12122/4/TD_2936_Web.pdf. Acesso em: 07 set. 2025.
[3] ASSOCIAÇÃO MATO-GROSSENSE DOS PRODUTORES DE ALGODÃO (AMPA). 2025. História do algodão. Disponível através do link: https://ampa.com.br/historia-do-algodao/. Acesso em: 07 set. 2025.
[4] Severino L et al. 2019. Série Desafios do Agronegócio Brasileiro – NT3: Algodão – Parte 01: Caracterização e Desafios Tecnológicos. Disponível através do link:
https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/1109655/1/SerieDesafiosAgronegocioBrasileiroNT3Algodao.pdf. Acesso em: 07 set. 2025.