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O impacto silencioso da chuva ácida sobre o meio ambiente e a saúde humana

Ana Elisa do Amaral Souza¹, Ana Luiza Menezes Barbosa², Bruna Aparecida Vieira Mathias², Ester Souza de Faria², Geovana de Souza Rodrigues², Izabelle Catarine Gonçalves Maia², Maria Eduarda de Oliveira Lima²

 

¹Graduanda do curso de Farmácia (UFSJ-CCO)

² Graduandas do curso de Bioquímica (UFSJ-CCO)

v.3, n.7, 2025

Julho de 2025

A chuva ácida é um fenômeno ambiental em que a chuva, por seu caráter corrosivo, pode causar danos a seres vivos e ao meio ambiente, e também a destruição de superfícies, por exemplo. Isto ocorre devido à presença de contaminantes no ar (como óxidos de enxofre (SO₂) e de nitrogênio (NO₂)), que quando em contato com a água originam substâncias ácidas (ácido sulfúrico (H₂SO₄) e ácido nítrico (HNO₃), respectivamente) capazes de causar os danos mencionados. Esses poluentes são emitidos principalmente por atividades industriais (Figura 1), como a siderúrgica (indústria que transforma o minério de ferro em aço, usando fornos que liberam gases poluentes) e pela queima de combustíveis fósseis (como a gasolina). Em menores quantidades estes poluentes podem também ser gerados através de processos naturais, como erupções vulcânicas [1].

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Figura 1: Liberação de poluentes no ar por indústria.

Fonte: The U.S. National Archives - https://nara.getarchive.net/media/environmental-images-farmland-people-trash-pollution-waste-deer-9172003-9222003-d8fe5b

Embora a ocorrência de chuvas um pouco mais ácidas devido a eventos naturais (como as erupções vulcânicas mencionadas) seja possível (fenômeno natural, que independe de ser humano), a intensificação da atividade humana desrespeitando o meio ambiente nas últimas décadas contribuiu significativamente para o aumento da ocorrência de chuvas cada vez mais ácidas. Quanto à possibilidade de movimentação, os principais emissores de poluentes que dão origem a esse fenômeno podem ser classificados em dois grupos: fontes estacionárias (que ficam paradas em determinada região como indústrias instaladas em um ponto fixo do espaço) e fontes móveis (que se movimentam como os carros). A combinação de existência destas fontes faz com que os poluentes produzidos em dada região possam originar ácidos e afetar até mesmo regiões distantes de sua origem, expandido ainda mais o problema ambiental. Este problema inclui a poluição atmosférica, a destruição de vegetação e do solo [2], e, sobretudo, representa uma ameaça à saúde pública, devido ao aumento de doenças respiratórias (como asma, bronquite crônica, enfisema pulmonar e outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC)) além de favorecer infecções respiratórias como a pneumonia, especialmente em populações mais vulneráveis [3].

A exposição recorrente a esse tipo de fenômeno, pode desencadear efeitos nocivos relacionados à saúde, principalmente em grupos vulneráveis como crianças, idosos e pessoas as quais possuem doenças respiratórias pré-existentes. Existem alguns estudos que apontam que doenças como asma, bronquite e outras condições crônicas podem ser desencadeadas através da inalação de pequenas partículas corrosivas que estão dispersas no ar [4]. Também existem indícios que demonstram uma relação entre a incidência de chuva ácida e a demanda de internações hospitalares por complicações respiratórias em grandes centros urbanos, altamente industrializados [5]. 

Os efeitos da chuva ácida não se limitam apenas ao sistema respiratório humano. Do ponto de vista ambiental, a chuva ácida escoa pelo solo, tornando o meio mais ácido: processo que dificulta a absorção de nutrientes pela vegetação. Como consequência, pode ocorrer a perda da biodiversidade vegetal, ou seja, uma redução na variedade das espécies de plantas, afetando diretamente as cadeias alimentares e os ecossistemas locais. Em uma outra perspectiva, a segurança alimentar humana, principalmente em regiões dependentes da agricultura (tanto para o sustento quanto para a economia local) pode também ser negativamente afetada [6]. Além disso, evidências apontam para a possibilidade de que mesmo de forma indireta, compostos ácidos, principalmente pela acumulação de metais pesados liberados do solo em ambientes aquáticos acidificados, pode levar a distúrbios neurológicos, disfunções renais e outros problemas de toxicidade ao comprometer a qualidade da água potável e a segurança alimentar [7,8].

Dessa forma, destaca-se a importância de ampliar-se os estudos com relação aos efeitos da chuva ácida, sobretudo considerando que a emissão contínua de óxidos de enxofre (SO₂) e de nitrogênio (NO₂) na atmosfera é em grande parte resultado de atividades humanas; e este é um fator alarmante para a saúde pública e para a estabilidade dos ecossistemas. Tal situação requer uma atenção especial da comunidade científica e dos órgãos governamentais, a fim de implementar-se medidas integradas de prevenção, regulação ambiental e conscientização populacional [9].

Referências Bibliográficas

[1] Likens GE, Bormann FH. Acid rain: a serious regional environmental problem. Science, v. 184, n. 4142, p. 1176-1179, 1974. Disponível através do link: https://doi.org/10.1126/science.184.4142.1176 Acesso em: 08 jul. 2025.

[2] USP. Poluição atmosférica & chuva ácida. Disponível através do link: https://www.usp.br/qambiental/chuva_acidafront.html Acesso em: Acesso em: 08 jul. 2025.

[3] Goyer RA et al. Potential human health effects of acid rain: report of a workshop. Environ Health Perspect, v. 60, p. 355-368, 1985. Disponível através do link: https://doi.org/10.1289/ehp.8560355. Acesso em: 08 jul. 2025.

[4] Dockery DW et al. An association between air pollution and mortality in six U.S. cities. N Engl J Med, v. 329, n. 24, p. 1753–1759, 1993. Disponível através do link: https://doi.org/10.1056/NEJM199312093292401. Acesso em: 08 jul. 2025

[5] Burnett RT et al. Association between ambient particulate sulfate and admissions to Ontario hospitals for cardiac and respiratory diseases. Am J Epidemiol, v. 142, n. 1, p. 15-22, 1995.

[6] Schindler DW. Effects of acid rain on freshwater ecosystems. Science, v. 239, n.4836, p. 149-157,1988. Disponível através do link: https://doi.org/10.1126/science.239.4836.149. Acesso em: 08 jul. 2025

[7] Driscoll CT et al. Acidic deposition in the northeastern United States: sources and inputs, ecosystem effects, and management strategies. BioScience, v. 51, n. 3, p. 180-198, 2001. Disponível através do link: https://doi.org/10.1641/0006-3568(2001)051[0180:ADITNU]2.0.CO;2. Acesso em: 08 jul. 2025

[8] Nriagu JO, Pacyna JM. Quantitative assessment of worldwide contamination of air, water and soils by trace metals. Nature, v. 333, n. 6169, p. 134-139, 1988. Disponível através do link: https://doi.org/10.1038/333134a0. Acesso em: 08 jul. 2025

[9] Fenger J. Urban air quality. Atmospheric Environment, v. 33, n. 29, p. 4877–4900, 1999. Disponível através do link: https://doi.org/10.1016/S1352-2310(99)00290-3. Acesso em: 08 jul. 2025

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